Na Igreja de Jesus, a diversidade de destinatários requer uma variedade de agentes pastorais e a evangelização implica a harmonização de várias sensibilidades. O horizonte é o Reino de Deus, “entrelaçado” com a Igreja!

L 1 At 11, 19-26; Sl 86 (87), 1-3. 4-5. 6-7 Ev Jo 10, 22-30

Hoje contemplamos o nascimento da comunidade de Antioquia, que começa a ser um grande centro de irradiação do Evangelho. Reparamos como da mera pregação aos judeus se passa a anunciar o mesmo Evangelho aos pagãos. Barnabé, ao dar conta desta diversidade de destinatários com alegria, sente que o único drama é estar sozinho e vai, então, convidar Paulo à sua terra de Tarso para confirmar aqueles irmãos todos na fé, os primeiros a chamar-se de “cristãos”.

No Evangelho, Jesus dá testemunho da unidade com o Pai. As mãos de Jesus e as mãos do Pai são portadoras das mesmas obras e os que acreditam em Jesus também são do Pai. As palavras e os atos de Jesus revelam a atitude de Deus para com os homens. A atitude de misericórdia de Jesus para com as pessoas deriva da sua unidade com o Pai. Poderia ser de outra forma? Não virá a eventual falta de misericórdia para com os outros da nossa falta de união com Jesus e o Pai, no Espírito Santo?

Quantas vezes, nas comunidades da Igreja de Jesus, o conflito é mais visível do que a unidade? O Papa Francisco ajuda-nos a perceber que deve ser o contrário: que a unidade prevalece sobre o conflito:

O conflito não pode ser ignorado ou dissimulado; deve ser aceitado. Mas, se ficamos encurralados nele, perdemos a perspectiva, os horizontes reduzem-se e a própria realidade fica fragmentada. Quando paramos na conjuntura conflitual, perdemos o sentido da unidade profunda da realidade. ─ n. 226

(…) Mas há uma terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo. «Felizes os pacificadores» (Mt 5, 9)! ─ n. 227

Deste modo, torna-se possível desenvolver uma comunhão nas diferenças, que pode ser facilitada só por pessoas magnânimas que têm a coragem de ultrapassar a superfície conflitual e consideram os outros na sua dignidade mais profunda. Por isso, é necessário postular um princípio que é indispensável para construir a amizade social: a unidade é superior ao conflito. ─ n. 22

Conforme a relação de Jesus com o Pai era a de união e, assim, a Ele não lhe interessava se os seus destinatários eram simples hebreus, fariseus, saduceus, zelotas, inteligentes ou iletrados, da sua etnia ou estrangeiros…, assim a tendência dos primeiros cristãos foi, a partir da união com Cristo, a da harmonização de várias proveniências e sensibilidades. É assim que nas nossas comunidades os cristãos são chamados a ser, para que ninguém se sinta excluído no caminho de salvação aberto por Jesus.