Tudo o que fazemos seja para que Se manifeste Jesus, que nos banha com o Espírito Santo e nos chama a viver o amor em CSS
Is 49, 3. 5-6; 1Cor 1, 1-3; Jo 1, 29-34 ─ no II Domingo do Tempo Comum (A); reflexão inspirada em Jose Antonio Pagola e em Comentário à liturgia do 2.º Domingo do Tempo Comum – Ano A
(Faço aqui um parêntesis informático performativo para informáticos:)
Uma das coisas mais interessantes que aprendi ao fabricar páginas na Internet ─ antigamente a partir da linguagem html/php e hoje a partir de plataformas open source/sistemas de gestão de conteúdos (CMS) que nos facilitam muito a vida na arte de comunicar pastoral on-line ─ foi a possibilidade de lidar com “folhas de estilo em cascata” (CSS ou Cascade Style Sheets). A sua função, ainda hoje muito importante, é a de criarmos uma folha fácil de carregar onde possam estar escritas todas as programações de estilo que poderão ser chamadas em qualquer página do sistema, quando o programador bem entender. Esta forma de comunicar permite não tornar pesado um sítio da Internet e de ter as coordenadas de estilo sempre à mão. Diante deste episódio do Batismo de Jesus, penso na partilha do Espírito Santo, do Pai para o Filho Unigénito e para nós, como uma “fonte de amor em cascata”: desde então, há uma forma de ser que pode ser acoplada ao mesmo Espírito segundo o Qual Jesus fala e atua. Podemos ver numa única folha de estilos para o governo da estética de um website como o único Espírito com que Deus Pai governa o mundo a partir de Jesus Cristo. Podemos ver isso de forma nítida em 1Cor 12,4-7: Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum.
No Evangelho de hoje recebemos o testemunho de João acerca do Batismo de Jesus no Rio Jordão, no início da Sua vida pública (descrito em Lc 3,21-22, em Mc 1,9-11 e em Mt 3,13-17 de maneira mais pormenorizada).
Logo após as celebrações do Natal, temos neste II Domingo do Tempo Comum a oportunidade para colher a identidade e missão de Jesus que é apresentado como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. É este o propósito da Encarnação de Jesus: a Paixão, Morte e Ressurreição para nossa salvação. É este o Mistério de Cristo que João Batista anuncia em duas etapas: anuncia a vida, chamando a “preparar o caminho do Senhor” e anuncia o seu percurso até à Páscoa.
Deste que constitui o primeiro dos mistérios luminosos, extraio as seguintes lições:
1 O amor incondicional de Deus manifestado no início da vida pública de Jesus é garantia do amor condicional que é destinado a todo o ser humano. Jesus coloca-se na fila dos pecadores que vão receber o batismo de água de João Batista, mesmo não sendo pecador. Na versão de Mateus Jesus responde ao Batista que “É conveniente que assim cumpramos toda a justiça”, interpretando-se como a “justiça superior” da compaixão ou misericórdia. Portanto, no início da vida pública de Jesus, a voz de Deus informa que o que quer realizar através do seu Filho Unigénito é um plano de amor para toda a humanidade. O amor incondicional de Deus é fonte de autoestima.
2 Neste Evangelho está bem patente a diferença do batismo de água que João administra e o batismo no Espírito que só Jesus é que pode realizar. Na Igreja, estes elementos aparecem unificados numa realidade só: no upgrade, ou seja, na atualização que Jesus fez, ao deixar-Se batizar. Jesus submerge os seus no Espírito Santo. Ele possui a plenitude do Espírito de Deus, podendo comunicar aos seus essa mesma plenitude. A grande novidade do batismo cristão é que Jesus Cristo pode “batizar no Espírito Santo”. Não se trata de um banho externo, mas um banho interior, no qual Jesus nos “empapa” do Espírito Santo para nos transformar o coração. A “pomba” é sinal da unção sobre Jesus, Aquele que vem restaurar os destinos de Israel. Ele traz a força, mas não é como esperavam: não vem impor nada pelo domínio ou manipulação dos outros, mas propor uma nova maneira de viver e de relacionar-se com Deus que parte do amor e da fraternidade universal. O amor incondicional é fonte de vida nova.
3 Ser batizados não é um mero requisito tradicional. Não podemos correr o risco de ficar pelo batismo de água ou de penitência, que o é, mas somos chamados a deixar que Jesus nos implique viver um novo nível de existência cristã, etapa após etapa, através de um estilo em que vivamos mais fiéis a Cristo Jesus. O Espírito de Jesus é o Espírito da Verdade, que nos permite não nos deixarmos enganar por falsas seguranças, dentro da nossa identidade irrenunciável de seguidores de Jesus. Para isso, é preciso abandonar caminhos que nos desviam do Evangelho, de interesses egoístas e do bem-estar que nos faz ser cobardes. O amor incondicional é fonte de liberdade.
4 É o Espírito Santo que transmitido por Jesus que nos permite fazer da fé um processo contínuo de conversão e não um caminho terminado. É o Espírito da conversão, que nos permite deixarmo-nos transformar lentamente por Ele, que nos ensina a vivermos segundo critérios e atitudes que manifestam o coração de Deus na nossa forma de nos relacionarmos com os outros. Os céus que se fecharam pela atitude os nossos primeiros pais, são agora abertos por Jesus, na nova relação que estabelece com o Pai. Deixemo-nos atrair pela novidade criadora deste relação, que pode despertar o que há de melhor no coração de cada um de nós e do interior da Igreja para fora. Pelo Espírito Santo, Jesus vem fazer uma proposta totalmente nova, original, mostrando-nos que valemos por aquilo que nós somos e não por aquilo que podemos dar. É o que se mostrará nos capítulos seguintes no Evangelho segundo João. Jesus é capaz de fazer os sinais manifestados porque Ele é o Messias esperado e enviado do Pai. O amor incondicional é fonte de renovação.