Jesus é o maior sinal, que liga o humano ao divino com linguagens de compreensão global!
Gal 4, 22-24. 26-27. 31 – 5, 1; Lc 11, 29-32
É linguagem comum, hoje, quando queremos ligar a alguém e vamos numa estrada em que não há falhas de rede, dizermos que “perdemos o sinal”. De facto, um dos seus significados é “variação de uma corrente elétrica ou de outra natureza, usada para transmissão de informação”. A palavra sinal é das que no dicionário apresenta uma significação mais desenvolvida e rica, referindo-se a “tudo o que representa ou faz lembrar uma coisa, um facto ou um fenómeno presente, passado ou futuro”. E aquele “tudo” inclui desde os semáforos aos marcadores de livros, dos sinais corporais às marcas de roupa, das fitas a marcar o andamento da leitura de um livro aos testemunhos ou provas pessoais.
Já o “contra-sinal” é um disfarce ou uma “contra-senha” que esconde, dissimula ou corrompe a verdadeira direção de uma busca tendo em vista uma verdadeiramente feliz realização pessoal, em vez de a simular (não no sentido de fingir, mas de imitar para fazer crer a eficácia, como acontece na simulações de seguros). Por curiosidade: quem lida com o fabrico de páginas web sabe que se pode envolver um usuário, proporcionando-lhe que se inscreva numa área reservada do site, de forma a entrar com um nome e senha. Após a entrada, é possível direcionar/manipular a entrada no back-office, de maneira a que a pessoa é levada a uma informação primária que pode iluminar ou desviar a pessoa sobre o que ela queria procurar. Alguns “cookies” ou “vírus” informáticos fazem-no automaticamente, levando a pessoa consciente ou inconscientemente a visitar páginas que não queria ou deveria para seu bem. Mesmo que o usuário entre com uma senha só sua, o “dono” do site pode manipular a sua visita com um código que serve de “contra-senha”. Esta experiência informática também se pode projetar na vida, como acontece com a força manipuladora dos algoritmos (que podem ser usados para bem ou para mal).
Ora, Jesus estava diante de uma geração perversa, quer dizer, que estava aberta a receber os benefícios dos milagres que Ele praticava, mas não queria saber sobre a origem ou modo de vida com que os proporcionava. Assim apostados só em receber e nunca em dar, os contemporâneos de Jesus viviam num ciclo vicioso, no qual era difícil transportar as suas mentes para realidades mais elevadas. Mesmo quando falavam de Messias, esperavam de Jesus o Rei político e menos ou nunca o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria para nos salvar.
Hoje em dia, quando se diz que na missão da Igreja precisam-se de líderes carismáticos, o que estamos a sugerir: pessoas que saibam cativar as pessoas reunindo-as para eventos que se concluam com sucesso ou testemunhos capazes de mover as consciências para a verdade plena? Vejo que há na sociedade e na Igreja pessoas capazes de ser líderes carismáticos em gérmenes que alguns movimentos não deixam crescer, contra-senhando com outros interesses não tão divinos, mas ideológicos ou de mera convenção humana, e vejo multidões como a que Jesus encontrou à espera de quem lhes diga a verdade sobre o caminho a trilhar para o verdadeiro sentido da existência.
O que hoje o Evangelho nos quer, porventura, falar é de um verdadeiro encontro entre duas vontades: a de quem quer ser salvo e a de quem nos pode dar a salvação. É assim também com a vocação: um diálogo entre duas autoridades: a de Quem chama e a da pessoa chamada. É assim o verdadeiro amor: um encontro dialogante. Nunca será um monólogo, que é dissimulador, porque anula ou esconde um dos protagonistas do encontro, na sua possibilidade de ser “emissor” e/ou “recetor”.
O líder carismático tem, no mínimo, de ser um “canal” sem ruídos ou vícios que descredibilizem a mensagem. Tem de ser um crente credível! Jesus éra-o veementemente e, mesmo assim, estava diante de pessoas com corações duros que resistiam à sua mensagem. Daí que o cuidado para com o coração sejam uma prioridade no tocante à fé. Passe a publicidade do programa Protege o Teu Coração (PTC), representado em Portugal pela Associação Família e Sociedade.
Uma notícia que hoje ligo a esta Palavra é a do julgamento do jovem Rui Pinto por causa do Football Leaks. Julgado por 90 crimes, manifestou esta segunda-feira arrependimento pelos acessos ilegítimos que levaram à sua detenção. “O crime, mesmo com boas intenções, não compensa. Sabendo o que sei hoje não voltaria a fazer o que fiz”, declarou ao Expresso. Também afirmou que estas investigações ilícitas foram boas para a sociedade, mas a sua vida ficou de pernas para o ar ─ pouca liberdade e poucos contactos com os seus familiares ─, lamentando que apesar das informações que ajudou a trazer a público vários visados não sofreram consequências, uma vez que “nas entidades que foram acedidas por mim não havia nenhuma que não tivesse um indício forte de cometimento de crimes“. Ele tem consciência, hoje, que não pode mudar o mundo; terão de ser as autoridades a fazê-lo. O arguido disse ainda que enquanto o julgamento decorre tem estado, com outras pessoas, a fornecer informação aos serviços de inteligência ucranianos, mas só com base em fontes abertas. “Meritíssima, este agora é o meu caminho, fazer as coisas dentro da legalidade”, declarou.
Apesar da forma como este jovem procedeu, ele aparenta-se-me com Jesus, que, no seu tempo, também foi acusado pelas autoridades, inclusivamente as religiosas, como subversivo e até mesmo de blasfemo. Hoje-em-dia, ser evangelizadores com espírito implica “quer dizer evangelizadores que se abrem sem medo à ação do Espírito Santo”. E quando o medo às autoridades humanas trava a obediência ao Espírito Santo? Por vezes, não é muito fácil distinguir o que em nós é da natureza e o que fazemos em virtude da promessa. Como o Apóstolo Paulo nos diz, somos filhos de uma mãe que é mulher livre. Inspirados por ele, poderíamos concluir: se os homens do poder jurídico não querem, não conseguem ou não podem fazer justiça diante de crimes que acabam por prejudicar os pobres, como agir como filhos daquela “mulher livre” que é a Jerusalém celeste? Que medos geram para a escravidão e que atitudes geram para a verdadeira liberdade?