O nome de Jesus é universal como o seu Reino

[Leitura] Tg 4, 13-17; Mc 9, 38-40

[Meditação] Pode haver quem pense que Jesus está encerrado na Igreja que fundou, fazendo d’Ele uma espécie de talismã (com muito respeito para com Jesus!). Esquece-se que Ele veio para construir o Reino de Seu Pai, que é eterno e não tem fronteiras visíveis. Sob esta tendência de fechamento das verdades dentro de fronteiras rígidas, muitos ficaram enclausurados na Igreja instituição, não concebendo que as verdades e o seu poder possa fazer maravilhas fora das suas “paredes”. Por isso, Jesus declara: «não o proibais», referindo-se ao fazer milagres em Seu nome. Esta postura dos discípulos não admira, pois ainda não se tinham habituado à ideia de que nenhum deles deveria ser maior do que o outro, mas o mais pequeno e o que serve (cf. Mc 9, 30-37), passando a transferir a ideia do melhor entre eles para a sua coletividade de grupo de seguidores por contradição aos de fora. Na verdade, poderá, segundo os desígnios insondáveis do Espírito de Deus (que sobra onde quer) haver quem seja pequeno e que sirva na humildade mesmo fora da visibilidade das fronteiras de uma Igreja confessional ou particular.

Curiosamente, na história formação sacerdotal, houve dois (de entre outros) modelos de formação, com aspetos bons e menos bons, que se assemelham às duas posturas dos discípulos contempladas nos trechos evangélicos de ontem e de hoje: o modelo da perfeição e o modelo da observância comum.

  1. O modelo da perfeição, também chamado de canalização, convidava o candidato e o sacerdote a canalizar toda a sua personalidade para o fim da perfeição, excluindo tudo o que pudesse prejudicar esse fim. Tem a vantagem de apresentar ideais claros, mas a dolorosa desvantagem de remover impulsos que subjugariam o sujeito mais tarde a situações psicossomáticas imprevistas e, por vezes desconhecidas. Tem por detrás uma antropologia maniqueísta: bom é tudo o que é rapidamente orientado para o bem; mau é tudo o que não se identifica imediatamente com o bem.
  2. O modelo da observância comum é a coletivização do modelo precedente, querendo levar à realização do grupo perfeito. É positivo porque foge da tendência individualista. É negativo porque baseia o bem vocacional na mera perfeição dos comportamentos, com o consequente desequilíbrio entre a dimensão aparente e a dimensão real da pessoa humana. É um modelo massificador, que não tem em conta a singularidade da pessoa como mediação de Deus. (Cf. A. CENCINI, L’Álbero della Vita – Verso un modello di formazione iniziale e permanente.)

A discussão de Mc 9, 30-37, para ver quem seria o maior ou o melhor para substituir o Mestre depois da sua morte, andaria em busca do mais perfeito custasse o que custasse, sem ter em conta os valores que Jesus vivia e pregava. A proibição de Mc 9, 38-40, “coletiviza”, como que por compensação daquele tipo de “perfeição” não confirmado pelo Mestre, a ideia do grupo ideal, fora do qual não poderia haver perfeição capaz de fazer milagres. Poderia lá ser?! Acontece, pois, os que dizem ser discípulos de Jesus pisarem o risco que leva a cair na tentação dos “filhos deste mundo” para os quais escreve o Apóstolo Tiago: procura-se tirar lucro nas circunstâncias em que se deveria dar o testemunho das palavras do Mestre com a ação, custe o que custar. É preciso começar a dizer mais: «se Deus quiser» ou «graças a Deus»! Tiago é claro: «quem sabe fazer o bem e não o faz comete pecado». Cá para nós: nas fragilidades, também pisamos fronteiras para além do que foi definido por Jesus Cristo e, mesmo assim, Ele não nos proíbe de O procurarmos ou (a não ser que não queiramos e dentro dos limites desenhados pela sua Palavra e Ação) de estarmos em comunhão com Ele. Graças a Deus! Ele protagonizou aquele que, hoje, se redescobre ser o modelo de integração, quer na formação dos sacerdotes, quer no estilo de vida cristã em crescimento.

[Oração] Sal 48 (49)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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