A libertação da escravatura das paixões requer a renovação da mente

Heb 13, 1-8; Mc 6, 14-29

Depois de ontem termos acolhido de braços abertos a Luz das nações, como Simeão, hoje somos convidados a refletir sobre a Hospitalidade com a qual, sem o sabermos, poderemos vir a hospedar anjos. Para isso, precisamos de permanecer no amor fraterno, levando-o até às últimas consequências, começando por nos colocarmos na “pele” dos outros. A base desta capacidade é a confiança em Deus, que não abandona quem o honra com a pureza de intenções e do coração.

Para conseguirmos ter a coragem de viver assim, precisamos de fazer como nos sugere o Papa Francisco:

Coloque a sua vida sob a Palavra de Deus. Este é o caminho que nos apontou a Igreja: todos, mesmo os Pastores da Igreja, estamos sob a autoridade da Palavra de Deus; não sob os nossos gostos, as nossas tendências e preferências, mas unicamente sob a Palavra de Deus que nos molda, converte e pede para permanecermos unidos na única Igreja de Cristo. Então, irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: A minha vida, que direção toma; de onde tira a orientação? Das numerosas palavras que escuto, das ideologias ou da Palavra de Deus que me guia e purifica? E em mim, quais são os aspetos que exigem mudança e conversão?”

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O Herodes Antipas, apesar de ser mais coerente que os fariseus que o apoiavam (cf. VV.AA., Comentáros à Bíblia Litúrgica, Gráfica de Coimbra 2, Assafarge 2007, 973), dividido entre as suas paixões e admiração pelo Batista, contrasta com a figura de Simeão que, sem confusões entre o coração e a sua mente, esperava a Luz de Israel no Menino Deus. À divisão interior de Herodes bastou um “interruptor” maligno acionado por Herodíades e Salomé, para escolher a pior parte: a da desonra para a qual João Batista já o vinha continuamente a avisar.

O Papa Francisco, na homilia da Festa da Apresentação do Senhor do ano 2022, na Eucaristia com os membros dois Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica, coloca três perguntas que poderão ajudar a não estar divididos e a viver segundo a referência dos idosos que preservavam a esperança de Israel, sem estarem reféns de nenhum poder mundano:
1) O que é que nos faz mover? (As moções interiores do Espírito ou as moções espirituais mundanas?)
2) O que veem os nossos olhos? (A sabedoria de Deus na fragilidade, que nos ajuda a ver dentro e mais além, ou o saudosismo daquilo que já não existe?)
3) Que estreitamos nos braços? (Jesus e quem Ele representa ou o ativismo e a rigidez em coisas que nos afasta d’Ele?)

Ainda que com João Batista Deus tenha preparado o caminho do Senhor, com a presença de Jesus inaugura uma história nova, com uma nova pedagogia, que, não obstante a experiência da Cruz, abre espaço para a Ressurreição.

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