A proximidade do Reino de Deus é o amor feito ao próximo
[Leitura] Mc 12, 28b-34
[Meditação] É surpreendente (divino) que Jesus tenha acrescentado um segundo mandamento “semelhante” ao primeiro, afirmando que não havia mais nenhum superior a estes. Foi o próprio escriba que ficou surpreendido com essa junção, sendo levado a dar razão ao Mestre. Mas os mandamentos da Lei de Deus não são um mero objeto da razão; ou seja, não basta sabê-los de cor. É preciso praticá-los. É o praticar que prova que os sabemos a partir do coração (a partir de onde se gere a vontade) e não meramente a partir da mente (onde se gerem os conhecimentos).
A Venerável Madaleine Delbrêl (1904-1964) escreveu que «só através dos outros podemos devolver a Deus amor por amor», amar todos os homens «sem preferências, sem categorias, sem exceções», para não cairmos no perigo de que o segundo mandamento se transforme no primeiro. Seja como for: vale mais exagerarmos em misericórdia do que exagerarmos em legalismo. Exagerar neste, faz-nos querer substituir Deus; exagerar naquela faz-nos ganhar o que promete uma das bem-aventuranças proclamadas por Jesus: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7).
O «não estás longe do Reino de Deus» que Jesus oferece como resposta ao escriba é um repto para uma vida mais prática, quanto à caridade, e não tanto teórica. Os presentes entenderam isso, ao não terem coragem em interrogá-Lo mais. Jesus amou de uma forma humanamente divina. É possível e preciso imitá-Lo! E, como paira já nas redes sociais por aí fora, Ele não amava a religião, mas amava as pessoas! É isto que leva o Apóstolo Paulo a dizer a Timóteo, em nome da fidelidade ao Senhor: «é preciso evitar contendas de palavras, que não servem para nada, senão para a perdição dos que as ouvem…» São precisos operários, como também Santo António pregava: «Cessem as palavras e falem as obras».