A vocação cristã é chamamento divino, não mero entendimento humano

[Leitura] L 1 Sir 3, 3-7. 14-17a (gr. 2-6. 12-14); Sal 127 (128), 1-2. 3. 4-5 L 2 Col 3, 12-21 Ev Lc 2, 41-52

[Meditação] Um dos aspetos que me salta à vista da fé nesta Festa da Sagrada Família é, desde a proclamação do Evangelho, a total confiança em Deus e um coração aberto de Maria e José, para “gerirem” tudo o que acontecia com o Menino Jesus. Esta família é modelo para as nossas famílias, como igrejas domésticas, pela forma como, contando com a pureza de Maria e a castidade de José, se ajustavam diante dos fatores internos e externos do mistério que era o Filho de Deus humanado.

Aquela ocasião que tinha tudo para parecer um desastre — a perda do Menino no Templo entre os doutores — acaba por se mostrar um salto temporal no desenvolvimento da missão que Jesus viria a exercer na sua vida adulta, na vida pública. Esta forma de ver este episódio, pela dimensão vocacional, traz a lume algumas perguntas, cuja resposta é decisiva para o bem da nossa Igreja particular, desde a sua dimensão de famílias domésticas até à sua relação com a Igreja universal:

– Se a experiência dos acólitos se fica por uma mera diversão de infância, como poderá colocar-se uma futura resposta vocacional mais madura? (Jesus, desde que foi ao Templo a partir dos 12 anos, nunca mais deixou de lá ir!)
– Terá a inconsistência de uma resposta a um possível chamamento de Deus a uma via de consagração alguma coisa que ver com a inconsistência da fé nas famílias? (Maria e José acreditaram sempre, apesar das contradições presentes naquele Menino!)
– Que lugar a dimensão vocacional terá na dinâmica pastoral de uma Igreja particular (diocese), sem que outras dimensões a diminuam por uma simples razão prática ou social? (A atividade de Jesus foi sempre de anúncio e cura, sem deixar, pelo caminho, de chamar a Si colaboradores…!)

Muitas outras perguntas se poderiam fazer. Unicamente aqui se quer reforçar a mesma provocação que, neste dia da Sagrada Família, foi lançada a Maria e a José por Jesus, Palavra feita carne: «não sabíeis que deveria estar na casa de meu Pai?» Portanto, quando aos pais parece perder-se o controle sobre o futuro dos filhos, deverão perguntar-se: que desígnio de amor e de forma Deus Pai quererá realizar na vida deste menino ou desta menina?

[Oração] Oração à Sagrada Família

Jesus, Maria e José,
em Vós contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
confiantes, a Vós nos consagramos.

 

Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
autênticas escolas do Evangelho
e pequenas igrejas domésticas.

 

Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais haja nas famílias
episódios de violência, de fechamento e divisão;
e quem tiver sido ferido ou escandalizado
seja rapidamente consolado e curado.

 

Sagrada Família de Nazaré,
fazei que todos nos tornemos conscientes
do carácter sagrado e inviolável da família,
da sua beleza no projecto de Deus.

 

Jesus, Maria e José,
ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.
Ámen.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

%d bloggers gostam disto: