Alma de discípulos, espírito de missionários!

[Leitura] Sab 7, 7-11; Sal 89 (90), 12-13. 14-15. 16-17; Hebr 4, 12-13; Mc 10, 17-30

[Meditação] No filme “A Lista de Schindler” (Steven Spielberg, 1993), um empresário alemão de nome Oskar Schindler salvou a vida de mais de mil judeus durante o holocausto nazi ao empregá-los na sua fábrica e gastando a sua fortuna ao mantê-los vivos, quase se acabando o seu dinheiro (com que subornava os oficiais para não investigarem as áreas de produção) ao mesmo tempo em que o exército alemão se rende, encerrando a guerra. Quando recebe a notícia do final da guerra, como membro do partido nazista, ele teve de fugir do Exército Vermelho. Entretanto, um dos seus trabalhadores, antes de ele se ir embora, entrega-lhe um anel com uma inscrição a citar o Talmude: “Aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro”. Declarava-lhe, assim, que não o achavam um criminoso. Mas ele, derrete-se em choro ao perceber que com o carro teria salvo mais 10 pessoas e com o “pin” nazi em ouro que tinha no casaco teria salvo, pelo menos, mais uma pessoa. Fica, entretanto, profundamente envergonhado por ter desperdiçado tanta riqueza na sua vida.

Oskar Schindler, com o seu vil dinheiro, conseguiu salvar aquelas 1100 vidas. Jesus Cristo, sem dinheiro nenhum, conseguiu salvar a humanidade inteira. Aquele nesta vida, Jesus para a vida eterna. Por isso, o verdadeiro seguimento de Jesus não está tanto no que se ganha por se cumprirem todos os mandamentos, mas no que se é capaz de deixar para se ganhar a vida verdadeira. Para evitar aquele como todos os holocaustos, não são precisos bens materiais, mas unicamente o ser humano capaz de vencer-se a si mesmo na posse desmesurada de fama, poder e bens materiais.

A simpatia que Jesus nutre por aquele homem (ou jovem rico) que O procura para tentar obter a vida eterna que tanto almeja precisa, pois, de ser provada pela seriedade humana quanto ao dar verdadeiro valor (não material) à vida que Ele tem para nos dar. Não é à toa que as congregações religiosas, no acolhimento de novos membros, fazem sempre o teste do desprendimento dos bens patrimoniais.

É a Palavra de Deus (viva e eficaz) o verdadeiro “bisturi” que nos consente de perceber, entre a alma e o espírito humanos, como se pode dar o verdadeiro salto de qualidade entre o mero discípulo ao consistente discípulo-missionário. Os bens deste mundo podem possibilitar muitas coisas na vida de um discípulo, mas este só será missionário, no espírito evangélico, se deixar Deus realizar o impossível!

[Oração] Oração Missionária:

Senhor Jesus,
desperta em nós
um olhar missionário,
ajuda-nos a escutar
o coração do outro
e a ver o teu rosto
nos irmãos.
Ajuda-nos a ser audazes,
afastando-nos
dos nossos medos
e preconceitos.
Queremos, como Tu,
viver a linguagem do amor
e servir mais
do que ser servidos.
Só Tu és o Caminho,
dá-nos a coragem de Te seguir
e de ser Igreja missionária
aonde nos levares.
Aqui estamos, Senhor,
porque acreditamos
que ser cristão é ser missão!
Ámen.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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