A unidade dos presbíteros na unidade da Igreja: um tributo à complementaridade
Hoje, o Card. Carlo M. Martini (em Come Gesù gestiva il suo tempo) faz-me compreender como a unidade de vida (interior e exterior) dos presbíteros, à luz do Decreto Presbyterorum ordinis, não pode realizar-se sem a unidade da Igreja. O sucesso de uns sempre esteve ligado à compelentaridade da comunhão da Igreja, de forma interdependente.
Pergunto: não estará a acontecer na Igreja o que se passa com a crise que invade as nossas famílias? A amalgama de ideologias − incluindo alguns “ensaios” de espiritualidade − que, de dentro e de fora, influenciam a vida social em que se procura incarnar a vida da fé têm uma força fragmentarizadora da qual ainda não seremos capazes rapidamente de dar conta e de minimizar os seus danos (quer para os padres, quer para as comunidades).
Em vez de nos debruçarmos com entusiasmo is0lado a experimentar espiritualidades (frequentemente as que dão resposta imediata aos problemas humanos), deveríamos (a meu aviso humilde, mas contundente do que fere a unidade) fazer ensaios de complementaridade, para que alguém possa vir a colher frutos não só de uma entrega feliz de consagração em favor dos outros, mas também de comunidades vivas que não fiquem somente apegadas às varandas do “sempre assim se fez” a ver passar os andores de lamentações pelos danos causados pela falta de unidade. Esta não é um “credo” de alguns , mas proposta para todos os que se declaram cristãos.
Para quando adiaremos o atrevimento da mudança. Quanto mais tempo demorarmos a entender que a distância é só (de uns e de outros, incluindo instituições) da unidade querida por Cristo, mais adiamos a possibilidade de uma experiência feliz de Igreja a caminho do Reino. Num tempo em que escasseiam as vocações: famílias, escusais de ficar à varanda a ver procissões de andores… não haverá presbíteros para os presidir. Contrariamos esta tendência?!