Nova profecia: a chave polémica da nova evangelização!

[Leitura] Ef 1, 1-10; Lc 11, 47-54

[Meditação] E a saga de Jesus continua nos nossos tempos, a provar pelas perseguições de todo o tipo a todos aqueles que têm a audácia de viver e anunciar os Seus valores, não tendo medo, também, de denunciar a tudo aquilo que se lhes opõe. E o “big brother”, armado de modern Caim, continua a encobrir o mal feito a esses seguidores com programas de distração, alimentadas por uma falsa notícia. É “parente” próximo daqueles doutores da Lei.

Porque imersa no mundo social, por vezes, a Igreja vê a sua missão gasta mais em serviço social do que a verdadeira caridade e a bela liturgia fechada nas igrejas a carecer numa corajosa profecia fora dos “adros” de segurança. Será um problema da fé que precisa de ser provada num outro estilo de anúncio?

Ainda hoje, a polémica continua a ser a chave para a defesa de uma nova profecia, aquela de que dependerá, a prática da nova evangelização. No meu humilde entender — desde a observação da realidade a uma inércia imposta pela mesma — essa evangelização renovada necessitará que a caridade não se esconda por detrás de solidariedade subsidiada e que a profecia não seja encoberta por uma liturgia “museologizada”. Já o Papa Bento XVI defendia:

A caridade é a via mestra da doutrina social da Igreja. As diversas responsabilidades e compromissos por ela delineados derivam da caridade, que é — como ensinou Jesus — a síntese de toda a Lei (cf. Mt 22, 36-40). A caridade dá verdadeira substância à relação pessoal com Deus e com o próximo; é o princípio não só das microrelações estabelecidas entre amigos, na família, no pequeno grupo, mas também das macrorelações como relacionamentos sociais, económicos, políticos. Para a Igreja — instruída pelo Evangelho —, a caridade é tudo porque, como ensina S. João (cf. 1 Jo 4, 8.16) e como recordei na minha primeira carta encíclica, « Deus é caridade » (Deus caritas est): da caridade de Deus tudo provém, por ela tudo toma forma, para ela tudo tende. A caridade é o dom maior que Deus concedeu aos homens; é sua promessa e nossa esperança.

Estou ciente dos desvios e esvaziamento de sentido que a caridade não cessa de enfrentar com o risco, daí resultante, de ser mal entendida, de excluí-la da vida ética e, em todo o caso, de impedir a sua correcta valorização. Nos âmbitos social, jurídico, cultural, político e económico, ou seja, nos contextos mais expostos a tal perigo, não é difícil ouvir declarar a sua irrelevância para interpretar e orientar as responsabilidades morais. Daqui a necessidade de conjugar a caridade com a verdade, não só na direcção assinalada por S. Paulo da « veritas in caritate » (Ef 4, 15), mas também na direcção inversa e complementar da « caritas in veritate ». A verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na « economia » da caridade, mas esta por sua vez há-de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade. Deste modo teremos não apenas prestado um serviço à caridade, iluminada pela verdade, mas também contribuído para acreditar a verdade, mostrando o seu poder de autenticação e persuasão na vida social concreta. Facto este que se deve ter bem em conta hoje, num contexto social e cultural que relativiza a verdade, aparecendo muitas vezes negligente se não mesmo refractário à mesma.

Caritas in veritate, n. 2.

Defendo que a Igreja, no cumprimento da sua missão, não deve deixar de ter parcerias com a sociedade. O que proponho é que a sua missão não se resuma a elas e nesse exercício encontre campo favorável para veicular uma nova profecia que será o “bisturi” cirúrgico-prático da tão teoricamente aclamada “nova evangelização”.

[Oração] Sal 97 (98)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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