Paixão.com.serviço vs. paixão.sem.humildade
[Leitura] Tg 4, 1-10; Mc 9, 30-37
[Meditação] A Paixão de Jesus não é uma mera paixão, no sentido simplificado da palavra, mas é eternamente uma Compaixão. Pena é que não nos tenhamos habituado a chamar-lhe sempre de “A Compaixão de Jesus”. Na verdade, a Sua morte o Seu sofrimento e a Sua ressurreição não tiveram um objetivo meramente pessoal, mas de altruísmo universal. Não admira que a incompreensão deste altruísmo terá levado os discípulos a pensar que, na Sua ausência, algum deles teria de O substituir à altura, esquecendo-se, porém, das reais prerrogativas da Sua entrega: o amor do Pai, a humildade pessoal e o serviço aos mais pequeninos.
Observando bem a nossa humanidade, temos a impressão de ver uma espécie de firewall negra entre o serviço desinteressado e a falta de humildade. E se isto é uma tendência na sociedade, não é infrequente nas nossas comunidades eclesiais. Observemos bem o que acontece quando estamos diante das crianças: ficamos irremediavelmente desarmados, ativando ou desativando (na maioria das vezes, inconscientemente) os nossos mecanismos de defesa, conforme tenha sido a experiência histórica pessoal. Daí a necessidade do Evangelho como escola de seguimento, com os valores que o mesmo comporta e implica que sejam vividos, para que a nossa experiência seja autenticamente cristã.
A questão do primado (não meramente o “papal”) é fundamental, no que toca à prioridade diante das emergências da vida e da essencialidade que elas reclamam. O Papa Francisco fala para todos de «primeiriar-se» e para os presbíteros da capacidade de relação como traço essencial no perfil do seu ministério. Tudo começa no bom acolhimento é preciso fazer e das responsabilidades que é necessário assumir. Esta é missão de comunidade e não de um só. A humildade e o serviço de um só pode fazer alguma coisa, mas a de muitos, na comunhão “inter pares” fará muito mais diante das autosuficiências que estão rigidamente formadas na sociedade e na Igreja. Por isso, Jesus formou na discrição e no apontar caminhos que mais ninguém vê. Trilha-os quem escuta a Sua palavra e repete os Seus gestos.
[Oração] Sal 54 (55)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo