Na Igreja de Jesus Cristo, eu não posso dizer que não tenho necessidade de vós

[Leitura] Ne 8, 2-4a. 5-6. 8-10; 1 Cor 12, 12-30; Lc 1, 1-4: 4, 14-21

[Meditação] É cada vez mais necessário regressar à Teologia do Corpo. Mostra-o a recente inspiração manifestada pela publicação variada de obras que resumem o pensamento de João Paulo II sobre esta matéria, quer pela forma como o Apóstolo Paulo eloquentemente nos fala do corpo como metáfora da Igreja. Hoje, como  sempre, é urgente o diálogo entre “unidade e diversidade entre vida consagrada, ministério sacerdotal e laicado”, não só nas pessoas que vivem estes estilos vocacionais, mas já desde a formação com a tonalidade de reciprocidade dos candidatos ao matrimónio e à família, ao sacerdócio e à vida consagrada, como via para a unidade. A vivência isolada da vocação não se resolve com uma formação dentro da não-reciprocidade e só com o contrário desta tendência é que pode haver esperança. O Papa João Paulo II deixou-nos três exortações pós-sinodais que são a base de um diálogo que ainda não deixou de estar nos preliminares;  portanto, sempre carente de desenvolvimento. Esses documentos são a Christifideles Laici, a Pastores Dabo Vobis e a Vita Consacrata. Por isso, a pedagogia catequética e formativa em geral e a formação específica para a vivência das vocações e ministérios têm de estar em constante transformação, ser multidimensionais e de cunho relacional, onde se encontrem as duas grandes “autoridades”: o amor de Deus e a liberdade humana. Na verdade, o que sabe “falar línguas” não se envaideça, pois o mais provável é que não saiba interpretar o que diz…

Onde se vê como estão as nossas comunidades quanto ao ser e à consciência de da Igreja como Corpo de Cristo, à maneira do que ensina São Paulo, é, precisamente, na assembleia dominical festiva. Na primeira e terceira leituras de hoje, temos dois exemplos de assembleia: uma com Esdras, como mestre de cerimónias, dando amplo lugar à Sagrada Escritura, quer pelo “estrado de madeira feito de propósito” (protótipo do nosso atual Ambão!), quer pelo tempo dado à proclamação da mesma (“da aurora até ao meio dia”), prolongando-se esta escuta pelo louvor e tempo de adoração que concretiza a consagração do dia ao Senhor. S. Lucas, imitando as “testemunhas oculares e ministros da palavra”, faz a sua parte, quanto ao proporcionar ao seu amigo ilustre Teófilo o conhecimento seguro do que lhe foi ensinado. Ao centro deste conhecimento seguro está o Mestre que o evangelista conta apresentar-Se como o cumprimento em atos de tudo quanto foi proclamado por palavras.

Hoje, suspeita-se, contra todo o ativismo próprio da vivência da fé no contexto social atual, que nos faz falta darmos um amplo lugar à Palavra de Deus, dando-lhe espaço e tempo a “propósito”. A Palavra é Jesus Cristo, que quer ser anunciado e levado à prática da libertação de muitos. O “cumpriu-se hoje mesmo” não é a realização automática do que Jesus acabou de proclamar, mas a realização do que andou a fazer pelos oprimidos na Galileia, antes de chegar à sinagoga de Nazaré!! O “hoje” não é só a hora da Missa, mas o que a antecede e a prolonga. O tempo (concretizado no “dia do Senhor”) é para se consagrar desde que comece e até que acabe, na medição permitida pelas circunstâncias atuais. Que vale defender o domingo, se não defendermos os objetivos para o que ele serve? O domingo é para o homem e não o homem para o domingo! Ainda bem que o antecipámos para o sábado!! Teremos mais tempo para escutar a Palavra e para adorar o Senhor, acendendo a vontade de O anunciar aos pobres e de restituir a liberdade aos oprimidos. No Corpo de Cristo, a Igreja, OS MAIS FRACOS SÃO OS MAIS NECESSÁRIOS! Precisamos deles… consideremo-los!

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