Servos in(úteis), que devem saber (fazer)
[Leitura] Sab 2, 23 – 3, 9; Lc 17, 7-10
[Meditação] Na memória de S. Leão Magno (Leão I), somos convidados a escutar novamente a qualificação que Jesus atribui aos servos de Deus, como “servos inúteis”. Segundo Jesus, é assim que cada um se deve considerar. Como entender esta qualificação? Se lermos o trecho com atenção, reparamos que Jesus não se refere somente ao que o servo deve fazer para cumprir o seu trabalho obedientemente. Ele dirige-se a quem tem servos para fazerem do mesmo modo, em relação a Deus, reportando-se cada um à igual dignidade de servidores inúteis. De uma forma extraordinária, Jesus põe no mesmo patamar patrões e empregados, professores e alunos, superiores e formandos, Papa e Cardeais, Bispos e condiocesanos, etc. Foi assim, no diálogo inter-pares, entre o Ocidente e o Oriente, que S. Leão Magno conseguiu congregar os do seu tempo no caminho entre a verdade e a paz. Na busca desta, a única assimetria que deve ser considerada é a que existe em relação à Verdade, muito maior do que a que existe entre todos, chamados, de mãos dadas, a buscá-la e a tê-la unanimemente como “archote” comum.
Como diz o Livro da Sabedoria, Deus criou o ser humano para ser incorruptível; foi a inveja do Diabo que a morte entrou no mundo. Por isso, no que toca ao serviço, esta é a dignidade comum que um ser humano pode escolher e é a maior de todas as autoridades, como há pouco tempo declarou o Papa Francisco. O serviço obediente, na igualdade, é como o “crisol” em que o ouro prova a sua valiosa existência, o caminho possível para compreendermos a verdade e sermos, realmente, “úteis” para a vida dos nossos irmãos. A imagem deste “post”, acima, mostra-nos, também, a pequenez do Papa Honório III, um dos Pontífices que esteve envolvido na construção da Basílica de S. Paulo Fora de Muros em Roma. A forma como quis ser exposto naquele belo mosaico da abside, manifesta a sua grande obediência Àquele que, na verdade, tudo faz a partir da nossa humildade.
Na formação sacerdotal, cada vez mais este tem de ser um dos critérios para formar e comprovar a validade da vocação sacerdotal: aquém da pergunta ritual sobre a obediência, é necessário provar os candidatos no “crisol” do serviço humilde e obediente, comprovado pela radicalidade em factos e não em promessas piedosas. No tempo da formação todo o tipo de voluntarismo narcisista é contrário à verdade que é o serviço no escondimento, próprio de quem sabe ser instrumento e não fim de qualquer coisa, muito menos do Reino. As “consolações” para este tipo de prova é o Senhor quem as pode dar e nenhum homem as pode corporizar, a não ser a compaixão que é saber sentir, a partir das próprias misérias, as fraquezas uns dos outros, estendendo os braços para nos acolhermos uns aos outros no mesmo caminho. O esforço ecuménico de Leão I terá sido expressão desta formação séria.
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