Proteger os segredos e dialogar com a verdade

[Leitura] Rom 5, 12. 15b. 17-19. 20b-21; Lc 12, 35-38

[Meditação] Na antropologia bíblica, os rins são a sede dos segredos da alma e o lugar dos sentimentos íntimos, uma vez que são dois e, a partir da sua função natural de destilar os líquidos e eliminar tudo o que é tóxico, representam metaforicamente a guarda do que se deve manter sempre dentro. Estes órgãos, entendidos assim, dialogam com a sede da inteligência que é o coração (para o ocidente racional: a mente), para que se “destile” dentro o que deve ou não deve sair cá para fora. O diálogo com a verdade, por sua vez, acontece entre o coração e a mente, para que a esperança aconteça animada entre o interior do homem e o exterior, já que ele é chamado a estar ativo. Na liturgia da Palavra deste dia − nos rins cingidos e as lâmpadas acesas − aparece implícita a reserva dada ao foro interno da pessoa, considerado sagrado, enquanto o foro externo é um âmbito chamado à intersubjetividade externa. Poderíamos, assim, dizer que há dois tipos de intersubjetividade: uma interior (a do foro interno) e outra exterior (a do foro externo). A mente (razão) e o coração (emoção) são chamados a dialogar sobre o que se deve manter no foro íntimo e o que serve para testemunhar no foro da partilha, através de uma inteligência mais esperançosa e crente n’Aquele que virá um dia e “cingir-se-á” (porque não também no verbo pronominal de se limitar) àquilo que interessa para a salvação (e não como os homens que dão atenção muitas vezes ao que é privado e, outras muitas vezes, ao que é secundário). A Cristo interessa tudo, certamente, mas não segundo a lógica minimalista do homem. Foi por este (a começar por Adão) que entrou o pecado no mundo; e por Cristo entrou a salvação que é mais abundante que esse pecado, para que a sua graça reine pela justiça de Deus.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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