A amizade humana é a melhor antecâmara do amor cristão

Jo 21, 15-19

As perguntas que Jesus faz a Pedro sobre se O amava acontecem depois da Sua morte e ressurreição. Portanto, é o Ressuscitado que faz estas perguntas ao Apóstolo. E não foi só para o fazer o primeiro Papa, mas para lhe ensinar o modo e o caminho para a vida eterna, com que haveria de confirmar os seus irmãos como Pontífice.

Creio que «tu amas-me?» é a pergunta que Jesus faz a cada um de nós quando nos confrontamos com a partida de um ente querido. Não para nos julgar se porventura caímos no desamor, mas para Se baixar mais uma vez à nossa condição de fragilidade, nomeadamente no que toca às coisas mais simples do amor. A heroicidade que Jesus pede a Pedro, naquele momento, não é prometer estar sempre com Ele a pontos de o vir a negar novamente; é, mais, a humildade de reconhecer que sem Jesus não conseguirá caminhar. Por isso, Jesus diz-lhe: “segue-Me”.

Ao celebrarmos as exéquias, celebramos a fé na ressurreição dos mortos, quer dizer, que a morte física não tem a última palavra e já foi vencida pela glorificação de Cristo. Ao mesmo tempo, somos convidados a “morrer” para tudo o que não é vida e prejudica a nossa vida. Amar também é isso: afirmar a qualquer irmão ou irmã: eu não quero que tu morras!

Como de Pedro que O negou, Jesus conseguiu ─ após esta declaração de amizade e de amor ─ fazer dele um construtor de pontes, assim também Jesus poderá fazer de nós grandes coisas, mesmo a partir do nosso amor frágil. Pedro foi tornado apto por Jesus Cristo para ser o Pontífice, porque foi o mais incapaz. Pedro desceu ao mais fundo do seu nada para poder apreciar a centelha de uma graça assombrosa que foi a missão que Jesus lhe entregou de nos encaminhar para a vida eterna.

Somos convidados a renovar o nosso amor a Jesus, que tem presentes em Si todos aqueles que partiram para a casa do seu e nosso Pai. E renovar o nosso amor por Ele implica renovarmos o nosso ardor missionário. Quem acolhe a graça de Deus gratuitamente é chamado a compartilhar os seus dons também graciosamente com os outros, no dia-a-dia. Não são as nossas fragilidades e pecados que serão capazes de limitar a oferta da graça de Deus; será mais a nossa indiferença à Sua misericórdia infinita.

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