Consagrados na verdade levando a Palavra de Deus à prática no quotidiano
Jo 17, 11b-19
“Esperança para a terra. Esperança para a humanidade.” ─ É o lema da Semana Laudato Si’ que a Igreja está a viver, coincidente com esta novena do Espírito Santo que celebramos entre a Assunção de Jesus e o Pentecostes. A Encíclica Laudato Si’ inspira-nos a um protagonismo que parte de uma espiritualidade ecológica inspiradora de um estilo de vida que se torna profecia, na qual as nossas vidas ajudam a denunciar tudo aquilo que prejudica não só a terra em que vivemos, mas também a humanidade de hoje e de amanhã. Esta profecia não é um conjunto de teorias, mas de boas práticas nas quais nos damos conta de que a esperança para a terra e a esperança para a humanidade são a mesma Esperança vivida e proposta por Jesus aos seus discípulos. Não é invenção de hoje, é herança do que Jesus viveu e nos deixou como missão!
Esta esperança tem o seu ponto mais alto na oração sacerdotal de Jesus, onde Ele pede ao Pai que sejamos um como Ele e o Pai são um só, tendo a plenitude da alegria de Jesus em nós mesmos. É a santidade que se traduz em unidade e plenitude. A verdade é a Palavra de Deus, pela qual Jesus pede ao Pai que consagre as nossas vidas. Por isso, Jesus não pede ao Pai que nos tire do mundo, mas que nos livre do mal. É esta a missão dos discípulos-missionários de Jesus: anunciar no e ao mundo a libertação do mal que permite vivermos unidos no Amor de Deus. Esta consagração na Palavra de Jesus implica ações concretas, nomeadamente um estilo de vida com o qual possamos dar testemunho da verdade. Não é da ordem do dizer, embora possamos exortar os outros, mas é mais da ordem do fazer.
Não é só pelos lábios que se fala.
P. João António Pinheiro Teixeira
Não é só pelos olhos que se vê.
Não é só pelos ouvidos que se ouve.
As palavras mais sábias são as que brotam da vida.
As imagens mais fortes são as que se fixam na alma.
As lições mais importantes são as que entram pelo coração.
Hoje, 24 de maio, com os nossos irmãos jesuítas celebramos a memória de Nossa Senhora da Estrada ou do Caminho, recordando uma pequena capela muito humilde em Roma que teve de ser aumentada por causa da grande afluência de fiéis que ali iam a escutar a Palavra e a ser atendidas em direção espiritual e a na confissão. E com os nossos irmãos salesianos, rezamos a Maria Auxiliadora, companheira dos nossos caminhos missionários, auxílio dos necessitados de ternura, de compreensão e de amor.
O Papa João Paulo II afirmou em 2002 que o Rosário da Virgem Maria foi-se formando gradualmente ao longo dos tempos com o sopro do Espírito Santo. É uma oração simples e ao mesmo tempo profunda que ajuda os fiéis a produzir frutos de santidade. Uma vez que nos ajuda a assimilar os mistérios da vida de Cristo sob o fundo “musical” das avé-marias. Neste sentido, o Rosário também é uma forma de celebração ou proclamação da Palavra, através do qual a Nossa Senhora ajuda a gerar Cristo em nós.
Diz são João Paulo II que esta oração
enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de um cristianismo que, passados dois mil anos, nada perdeu da sua frescura original, e sente-se impulsionado pelo Espírito de Deus a “fazer-se ao largo” para reafirmar, melhor “gritar” Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6), como “o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história e da civilização” (GS 45).
Queiramos ser como Maria: tenhamos pressa em comunicar o Amor. Como Ela, levantemo-nos com prontidão e não tenhamos medo do êxodo interior que precisamos de empreender todos os dias para ir ao encontro dos outros. A união para com os irmãos concretiza a união com Deus, pela qual Jesus pede ao Pai no Espírito Santo. Não há união com Deus sem união com os outros no caminho, através de palavras sinceras e, sobretudo, gestos de caridade. Não há receitas para isso, nem uma lista geral de afazeres: é preciso olhar a realidade da vida e ver nela os salpicos da Luz de Deus a indicar-nos a possibilidade de uma boa ação ou de uma atitude. A glória de Deus, assim, manifestar-se-á nas ações que fizermos por sua inspiração. Em silêncio, cada um de nós reflita sobre os passos que precisa de dar ou renovar para caminhar nesta direção que o Evangelho de Jesus nos indica. Tenhamos a certeza de ter Nossa Senhora por protetora e guia.