At 15, 22-31; Jo 15, 12-17
Como bom Mestre, Jesus repete as informações essenciais aos seus discípulos, para não as deixar cair no esquecimento, como que reescrevendo continuamente o mais importante de seu testamento nas suas memórias. É o caso do mandamento «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei».
Esta exortação declara duas coisas: 1ª) A forma de Jesus amar, que precedentemente gera uma amizade que não nos dá razões para uma baixa estima, por vezes, a prejudicar o ímpeto missionário dos cristãos; 2ª) a importância do amor no serviço aos outros, como forma de prolongar e espalhar essa amizade com e a partir de Jesus. A certeza do amor de Jesus desperta uma confiança que gera novas vidas e vocações para Ele.
A amizade de e com Jesus gera amor ao próximo, nunca o ódio. Se algum ódio existe no coração dos cristãos no confronto com os outros é porque não se reconheceram amigos de Jesus, por alguma baixa auto-estima, servindo-O desalmadamente, quer dizer, sem a “alma” que constituiu aquela amizade. Os segredos que Ele partilhou com os seus amigos são o “segredo” que ajuda a desatar os “nós” duros da missão. Esta é contracorrente no campo do combate às ideologias contrárias ao Evangelho, mas nunca poderá ser descarte de pessoas que o Senhor nos mandou amar.
A alegria tem sido a prova de que, por um lado, o Espírito Santo guia os Apóstolos e, por outro, de que eles cumprem o mandamento de Jesus. Portanto, a amizade que sentimos em relação a Cristo confirma-se na alegria que vivemos junto e no serviço aos outros. A alegria que celebramos na Eucaristia é gémea da alegria que colocamos no serviço.
Hoje temos três exemplos em que a amizade vinda de Cristo e partilhada com os irmãos, no caminho, é um verdadeiro milagre:
1) Celebra-se o Dia Internacional do Enfermeiro, porque neste dia também se celebra o dia do nascimento de Florence Nightingale que, ajudada por pessoas que viviam a vida consagrada a ajudaram a perceber que aos doentes não bastavam os cuidados médicos, mas também a empatia que os ajudava a suportar melhor as suas dores.
2) O encontro entre o Papa Francisco e o Papa Tawadros II que veio a Roma ter com ele para celebrarem juntos o 50º aniversário do encontro entre Papa Paulo VI e Shenouda II. Aqui descobrimos que o dom da unidade vem do alto e não por um mero gosto de conviver com a diferença (que, por si, já é uma boa nota de saúde psíquica). Deste encontro nasceu a inserção dos mártires coptas no Martirológio Romano.
3) O caminho sinodal da Igreja dá passos significativos, para os quais nos vamos dando conta que a nossa interação nas respostas às provocações sinodais não foi em vão: por estes dias foi aprovado o documento preparatório da primeira sessão da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (4-29 de outubro de 2023). A sua metodologia implica uma vigília de oração ecuménica: www.together2023.net.