Ir a Jesus e acreditar n’Ele é a resposta ao Espírito do Pai

Jo 6, 35-40

O alimento que Jesus se dá aos seus ─ o Pai da Vida ─ não é como o maná, alimento perecível, apontado só como prefiguração e símbolo. O Pão que é Jesus dá a vida eterna e não meramente a vida terrena. Como tal, não vale pela quantidade, mas pela forma como se recebe e com que sequência ou consequência. Não se come o Pão da vida para viver apenas neste mundo e, muito menos, viver ao estilo deste mundo, ao estilo self-service. Seria deitar a perder a força e alcance que Ele nos dá.

Jesus serve-Se do maná e do pão para fazer a revelação de Si próprio e comunicar o significado da sua pessoa. O fundamental é ir a Jesus, mas esta ida não está pura e simplesmente ao alcance do homem. Acreditar em Jesus e ir até Ele não depende unicamente em fazer-se uma escolha ou não. Antes de vir do homem, tem de vir de Deus. A ação do homem será sempre uma resposta. Porque Jesus veio do céu para cumprir a vontade do Pai.

A autêntica ida a Jesus é a da fé. E a fé é uma atitude que depende do dom de Deus. É graça. Ao mesmo tempo é tarefa humana, como resposta. Aprendi hoje, numa decurso à história da pastoral e da vida cristã, que os anos 1960 foram os da resposta ao um dever; os anos 2020 a resposta pelo empenho; os anos 2060 serão os da resposta à Graça. Podemos dizer que os anos que estamos a viver ainda são de um sincretismo entre a fé como dever e a fé como resposta a uma graça.

O Evangelho apresenta-nos um paradoxo: há a possibilidade da fé como dom de Deus e a responsabilidade do homem em caminhar para e com Jesus. Pela afirmação “eu sou o pão da vida”, Jesus comunica-Se, também, como revelador da verdade, o mestre divino que veio para alimentar os homens. Ele é a personificação da revelação o “pão” que se oferece para ser comido pela fé. Para o autor quarto evangelho, a realização da Eucaristia aqui e agora não contradiz a promessa da ressurreição da escatologia futura.

Portanto, ir a Jesus é mais uma inclinação do que uma repetição, embora esta também seja precisa para irmos confirmando no tempo a nossa amizade para com Jesus. Uma falha estando inclinados para Jesus é diferente de uma falha estando inclinados para a fuga d’Ele, apesar de que há falhas graves que se compreenderia melhor serem perpetradas por quem está longe de Jesus e não perto d’Ele.

Saibamos ir a Jesus como resposta ao dom de Deus, não pelas vezes em que aqui vimos, mas pelo amor e coerência com que Lhe correspondemos, entre a liturgia eucarística e a liturgia da estrada. A verdade merece ser respondida como profissão de fé e realizada como vida partilhada. É o que significará a vida e a morte de Estêvão, que não é só o primeiro mártir da história, mas também o primeiro da lista dos primeiros diáconos. A dispersão dos “irmãos” de Estêvão não foi uma fuga, mas uma oportunidade para o anúncio da Palavra de Deus.

É por aqui que se desvenda a Pessoa de Jesus como a Sabedoria da história da salvação e da vida eterna.

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