Não pode ser livre quem obstrui a fonte que liberta. A mentira não pode ser filha da verdade, mas escrava do mal
Dn 3, 14-20. 91-92. 95; Jo 8, 31-42 ─ Reflexão baseada em VV.AA. Comentáros à Bíblia Litúrgica. Assafarge: Gráfica de Coimbra 2, 2007.
Sinceridade é dizer o que se pensa; autenticidade é transparecer o que se sente; liberdade é fazer a verdade. Porque esta, segundo, Jesus “far-nos-á livres”. E é por aqui, também, que Jesus se manifesta totalmente livre. Segundo João os judeus tinham acreditado em Jesus. Porém, não O assumem como fonte da verdadeira liberdade, como Palavra do Pai. Dizem-se filhos de Abraão, mas fazem as obras da mentira.
Como pode alguém ser libertado, sendo já livre? Como pode nascer de novo, alguém já nasceu? No quarto evangelho, é frequente termos de fazer a “distinção entre dois níveis de profundidade, para compreendermos o que se passou entre Jesus e os seus ouvintes, como, mais tarde, entre o cristianismo e o judaísmo, depois da rutura definitiva”.
Poderiam os judeus aceitar que Jesus acrescentasse alguma coisa à sua mentalidade judaica? Segundo esta, a herança recebida era muito mais importante e valiosa do que qualquer ensinamento que Jesus pudesse proporcionar. Ora, ouvir de Jesus “a verdade vos libertará” seria, assim, recebido como uma afronta. Ser meramente descendentes de Abraão era um princípio fundamental da superioridade dos judeus. É por isso que se pode dizer que o fundamentalismo é a ausência de um fundamento verdadeiro. Abraão não é o primeiro fundamento. Não é verdade, nem meia verdade. E os judeus, querendo viver como se fosse verdade, tergiversavam a herança que Abraão lhes deixou.
Enquanto as Comunidades não forem Centros de Caridade, nada se fará. É preciso que Jesus reine .
D. João de Oliveira Matos
Nas VI Jornadas de Teologia promovidas pelo Seminário Maior de Angra do Heroísmo, descobrimos como tem de haver uma complementaridade entre a piedade popular que, segundo o teólogo Paolo Asolan, é a forma correta pela qual a realidade cristã se encarna na cultura de um povo, e a necessidade de uma formação permanente transversal que, segundo D. Armando Domingues, afasta da nefasta tentação da completude verticalista (diria “tentativa mórbida de retidão”, sem rasgos de horizontalidade que transpareçam a verdadeira verticalidade, correspondência que define o que é verdadeiramente ser cirstão livre) que dificulta quer comunhão, quer a necessidade de criação de equipas multidisciplinares que possam ser capazes de olhar para o Povo de Deus. O reitor daquele Seminário concluiu que urge que se faça um percurso histórico rigoroso e realista do que foi e é a Igreja no arquipélago, enfatizou, salientando que é importante olhar para o passado para encorajar o futuro e encontrar a forma mais adequada de ser Igreja no presente e identificar uma pastoral para o homem de hoje. O tema destas jornadas foi “A Igreja nos Açores a caminho dos 500 anos”.
Que o Senhor nos dê a graça de sermos livres de realizar a caridade na verdade.