A missão de praticar o poder num sinal, deixando de lado os sinais do poder. Não reagir com irritação, mas interagir com o silêncio

2Rs 5, 1-15a; Lc 4, 24-30 ─ No 10º Aniversário da Eleição do Papa Francisco

Gostaria de testemunhar com humildade que quando regresso às minhas origens familiares costumo dizer que vou a casa dos meus pais. Sinto-os como meus e, ao mesmo tempo, como destinatários da minha missão. Eles deram-me de graça e eu, segundo o Evangelho, devo dar-lhes também de graça o que recebi, amplificado pela educação cristã que me deram, desenvolvida depois pelos ensinamentos e o acompanhamento da Igreja.

Os pais daqueles que seguem e se entregam por Cristo sabem, como sabiam os pais de Jesus, que a origem da nossa vocação é Deus. Mas não é assim com toda a gente, sobretudo quando a mensagem que o mensageiro de Cristo traz não confina com as sensibilidades do povo. Por isso, e uma vez que as nossas terras têm, também, os seus pastores, é prudente respeitar o trabalho destes e, na comunhão, optar pela discrição, quando visitamos as nossas origens. Estas nunca deixam ou devem deixar de ser “Betânias” para o descanso físico e espiritual.

Mas o aspeto que me chama mais à atenção no Evangelho de hoje é o facto de que Deus nos envia a uma missão muito precisa ─ temática, demográfica e/ou geograficamente ─, como fez com Elias e Eliseu, segundo os seus dons e as necessidades reais da humanidade. O caminho que significa a vida de um homem de Deus não vale pelas multidões que o seguem ou pelos atos extraordinários que faça, mas pelos gestos significativos que façam a diferença na vida de pessoas concretas. Estas é que serão, posteriormente, as “pregadoras” dos sinais realizados por Cristo em nós.

Outro aspeto interessante da Palavra de hoje está na primeira leitura, na experiência do sírio Naamã, evocada por Jesus no Evangelho: a cura que aquele homem precisava estava a uns poucos passos e através de uns simples procedimentos. Para quê complicar, se a salvação está próxima de nós? A Palavra, a Eucaristia, a Penitência, a Oração, o Jejum, a Esmola ─ são procedimentos que Jesus, na e a partir da Igreja nos continua a oferecer como lugares e modos de salvação.

No Evangelho, é significativo que Jesus fale aos seus conterrâneos, mas, depois, não fuja deles, mas caminha pelo meio deles em silêncio, seguindo o seu caminho. O Papa Francisco, ao longo destes 10 anos de Pontificado, também nos proporcionou algo idêntico à atitude de Jesus, com palavras oportunas e gestos silenciosos, mas eficazes, a transparecer a mensagem e a salvação de Jesus, como terapia para a globalização da indiferença. E como presente de aniversário, o Papa somente pede a paz.

Fiquei surpreendido ao saber da notícia de que 90 adultos pediram o Batismo e o vão celebrar brevemente no Algarve; e ainda mais surpreendido pelas notícias de milhares de batizados adultos na França. É um sinal de esperança.

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