A nossa relação com Deus e com os irmãos é derradeiramente proporcional, no coração como nas imediações das duas faces do portão de casa
Diz Franz Jalics:
A relação com os outros determina a nossa relação com Deus e vice-versa. A relação com Deus e a relação com as outras pessoas discorrem sempre em paralelo e que uma para a outra podem ser banco de prova ou controlo de autenticidade. Porque é o mesmo coração humano que entra em contacto com Deus e com os outros. Por esta razão, quem alcança uma atitude contemplativa no seu trato com Deus será também compreensivo com as pessoas com quem se relaciona e se abrirá a elas com confiança e paz. Claro que também é certo o contrário: quem não é capaz de entender os seus semelhantes e de comunicar-se com eles, tão pouco chegará longe na sua relação com Deus.
Traduzido de Escuchar para ser: dimensión contemplativa de las relaciones interpersonales. (Salamanca: Ediciones Sígueme, 2022), 19.
Este pedaço de texto não é meramente uma teoria, mas um testemunho que provém de tentativas de amar os outros como Deus os ama a partir de nós mesmos. Contrasta com a falta de reciprocidade entre as personagens da parábola que Jesus conta aos fariseus. Jesus não lhes nega a relação com o Pai, mas avisa-os de que entrar no Reino ou não dependerá deles, na forma como doarem o que receberam.
Comparando esta lição de Jesus aos fariseus com a experiência que o Mestre fez com os discípulos no Monte Tabor, concluo que estes tiveram como “bónus” o sinal daquela Luz que irradiava de Jesus por antecipação da glória que dá sentido a uma forma de atuar inspirada n’Aquele que caminha em doação até Jerusalém. No entanto, não serve de desculpa para não fazer o bem, uma vez que já Moisés e os Profetas faziam transparecer a justiça de Deus que culminou em Jesus.