A salvação é para se receber e praticar de graça. O drama dos pobres e aflitos de hoje é uma prequela do juízo final
Lv 19, 1-2. 11-18; Mt 25, 31-46
Num encontro do Papa Francisco com um grupo de jovens crismandos, em Roma, estes perguntaram-lhe o que podiam fazer para viverem de forma mais eficaz e direta os ensinamentos da Igreja sobre a missão cristã, uma vez que eram muitos conhecimentos e não era fácil de individuarem o que melhor poderia fazer. Ao que o Papa Francisco responde rapidamente: quereis pôr imediatamente em prática o Evangelho de forma a poderdes viver bem como crismados e entrar no Reino? Ide já ler e praticar o que está escrito no capítulo 25 do Evangelho segundo Mateus (o que se refere ao juízo final e à prática das obras de misericórdia).
Hoje penso naqueles que por causa das guerras, as catástrofes naturais e por causa de políticas económicas sem ética ou de uma vida cristã apática, têm de percorrer ou esperar que percorram viagens intermináveis, no tempo e no espaço, para terem acesso a um pouco de comida, como os irmãos desta reportagem. Como dizia o Cardeal Oscar Maradiaga, Sem ética não há desenvolvimento para ninguém (Porto: Edições Salesianas, 2016).
No Evangelho, Jesus deixa claro como se identifica com aqueles a quem se dirige no Sermão da Montanha, mais concretamente no discurso das Bem-aventuranças (Mt 5), assim como somos chamados a comportar-nos diante daqueles com quem Se identifica. Ao mesmo tempo, a proposta de Jesus legitima e completa a santidade proposta no Levítico. O drama do juízo final tem como prequela o drama que muitos pobres vivem hoje, como marginalizados da sociedade. E nesta, para além do Cordeiro Imaculado há: ovelhas que Se lhe assemelham ou cabritos que contrastam com a sua mensagem e estilo de vida, prejudicando ou impedindo a instauração do seu Reino de justiça, de paz e de amor.
Daqui extraio uma verdade: para viver a missão à luz do Evangelho, a Igreja vai buscar a sua identidade aos destinatários dessa mesma missão.
Rezo para que, a exemplo de muitos homens e mulheres da história da salvação, concretamente os Santos Patronos da JMJ Lisboa 2023, os Batizados de hoje saibam cada vez mais e melhor identificar-se com Jesus nos irmãos mais desfavorecidos que vivem perto ou longe de si.