As boas obras são a resposta dos bem-aventurados, nas suas situações, diante do mundo
Is 58, 7-10; L 2 1Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16 ─ No V Domingo Comum (A); cf. reflexão inspirada na entrevista da Agência Ecclesia ao P. José Rebelo, Misisonário Comboniano
Há oito dias atrás, fomos convidados a subir ao monte com Jesus, que nos levava Consigo no coração e, no olhar, a multidão que O seguia. Ali, proclamou bem-aventurados os pobres em espírito, os humildes, os os pobres em espírito, os que têm fome e sede de justiça, os humildes, os que choram, os que promovem a paz, os misericordiosos, os puros de coração, os que sofrem perseguição por amor da justiça. Este era um ponto de chegada ao pé de Jesus e, ao mesmo tempo, ponto de partida para uma vida mais feliz, na perspetiva do Reino de Deus. Os ingredientes para vencerem estas situações estão no Evangelho deste V Domingo: ser sal e ser luz, quer dizer praticar as boas obras. Estas são o remédio para prevenir e vencer todas as situações que nos tiram a dignidade e nos trazem a infelicidade.
Os romanos já diziam: “Nada é mais importante que o sol e o sal”. Jesus traduz melhor: ser luz e ser sal (uma vez que a imagem do sol poderia ofuscar os olhos dos discípulos e perdê-Lo de vista). Ele usa estas duas imagens tão fortes. Hoje conhecemos menos as potencialidades do sal, para além de dar saber, mas antigamente era utilizado para conservar os alimentos. Jesus alude a uma outra qualidade: a sua capacidade térmica. Se o sal perder o sabor… Os fornos eram revestidos com placas de sal que ajudavam a reter a temperatura. Uma vez queimado, era atirado fora, para os caminhos. Dar sabor, dar gosto ás coisas, temperar, ajudar as pessoas a discernir.
Estas duas imagens têm uma coisa em comum: nem a luz nem o sal existem para si. O sal para dar sabor, conservar; a luz para iluminar. Só cumprem a sua função se desaparecerem. O sal dissolve-se; a luz consome. Tanto a luz como o sal só têm valor em função dos outros e têm de perder o que são para ser úteis. Ao dizer isto, Jesus quer dizer que nós só somos úteis na medida em que nos dissolvermos na vida dos outros e nos consumirmos por eles.
Jesus sublinha o que dizia o profeta Isaías sobre o que significa ser luz: fazer boas obras. E é medida que fazemos boas obras, também somos curados, veremos os nossos problemas resolvidos e mais: o Senhor responderá se O invocarmos. Deus não se deixa vencer em generosidade. Quando vamos ao seu encontro com boas obras, Ele toma conta de nós.
São Paulo fala-nos do alimento para isso, como a querosene que se usa para as as lâmpadas antigas: a evangelização não é o resultado da sublimidade da linguagem, a linguagem convincente da sabedoria humana, mas com a poderosa manifestação do do Espírito. A evangelização não é uma questão de palavras, é uma questão de presença, de nos fazermos próximos dos outros.
Um bom exemplo de quem sabe responder ao convite do Mestre a se luz e sal é o Papa Francisco que, por estes dias, está a visitar o Congo e o Sudão do Sul (ler crónica/resumo).