A implantação do Reino implica a união entre o ser e os estar, o encontro paradoxal entre o permanente e o transitório
O “comer” e o “beber” de Jesus com os publicanos e os pecadores denota que o seu ser e o seu estar como que se confundem para na sua missão de implantar o Reino de Deus. Na análise linguística, o verbo “ser” refere-se a uma qualidade permanente e o verbo “estar” refere-se a uma qualidade temporária. É curioso que em algumas línguas, como a italiana e a inglesa, os verbos auxiliares “ser” e “estar” convivem de tal forma que, por vezes, não sabemos bem qual devemos utilizar (no it. dizemos “sono qui” para dizer “estou aqui”). Significa que, para ser com qualidade, precisamos de estar, ainda que transitoriamente; e para estarmos verdadeiramente, precisamos de ser: é este o “jogo” entre o que é perene e o que é transitório que tem de acontecer, sobretudo na relação entre as pessoas, para que a sua dignidade venha ao de cima. Este “jogo”, por vezes, implica rir, outras vezes implica chorar, devendo imperar mais a empatia ou simpatia do que a apatia, a indiferença ou reação.
Nós sabemos que Jesus nunca desperdiçou o seu tempo com futilidades, mas também suspeitamos que aproveitou todos os momentos oportunos para dar sentido à vida das pessoas. Por isso, a partir de Jesus e inspirados por Santo Inácio de Loyola, podemos ver novas todas as coisas (entre as quais as pessoas) em Cristo!