No meio da destruição, o discípulo de Cristo renasce das cinzas, pelo poder que vem de Deus

Ap 18, 1-2. 21-23; 19, 1-3. 9a; Lc 21, 20-28

Na linguagem escatológica do Evangelho, Jesus apresenta-Se como Aquele “Filho do homem” que virá numa nuvem, com grande poder e glória. Lucas, em vez da “abominação-desolação” utilizadas por Marcos e Mateus, relata o cerco dos exércitos de Roma para falar da destruição de Jerusalém. Pelo ano 70, alerta as comunidades para a realidade do sofrimento causado pelas catástrofes naturais e pelas guerras. Estes males são vistos como fruto da recusa de Deus, da infidelidade do povo. São as forças do mal que querem dominar a história e a impor o seu senhorio.

Jesus, se por um lado, avisa os que se podem movimentar para que fujam, por outro declama “ais” para as mães e crianças que não se podem mover, qual panorama que hoje vemos espelhado nas guerras. E antecipa que até o pavor pode ser causa de morte, porque os sinais não são só terrenos, mas também celestiais. Por isso, seja em que circunstância for, convida a erguer-se e levantar a cabeça, para ver a libertação que está próxima na sua vinda. Ou seja, diante dos males que acontecem e das situações adversas, Jesus pede-nos que não fiquemos parados, seja em que nível humano, social ou espiritual for, mas que vamos ao encontro de quem precisa de assistência. São Paulo diz-nos que “os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que há de revelar-se em nós”.

Naquele anúncio profético da destruição de Jerusalém está claro o anúncio do cumprimento da profecia de Cristo sobre a ruína daquela cidade, provocada pela “meretriz”, que é a Roma que persegue os cristãos. A visão apocalíptica de João faz-nos vislumbrar uma justaposição entre a glória da vinda do Salvador e a sua luz que já está presente na liturgia da Igreja, entre o fumo das chamas da oração que sobem e o cordeiro servido no banquete nupcial. O choro de outrora sobre Jerusalém, transforma-se, agora, em júbilo pela sua vitória.

Esta liturgia, que celebramos com o patrocínio dos mártires Santos André Dung-Lac e companheiros, canonizados por João Paulo II em 1988, é-nos útil para contemplarmos na vinda de Cristo a vitória da vida sobre a morte e da justiça sobre a injustiça. O anúncio escatológico do fim dos tempos não deve ser motivo de medo para os seguidores de Jesus, mas um convite à perseverança e alegria neste poder consumador de Deus. Entretanto, vivamos aquele dinamismo de ressurreição nos gestos de “erguer” e “levantar”, também presentes no lema que nos anima para a vivência da Jornada Mundial da Juventude. Que este tempo novo de Advento que está prestes a começar nos seja propício para uma transformação animada pelo Espírito de Jesus. Esperemos, vigilantes e ativos, a sua vinda gloriosa!

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