Ef 6, 10-20; Lc 13, 31-35

O Evangelho de hoje tem sabor a admonição pascal. Nota-se Jesus a caminhar para Jerusalém, plenamente consciente do que O espera. Responde a quem lhe dá notícias de guerra com o anúncio da paz.

Jesus vai construindo a sua agenda ─ “no hoje, amanhã e depois de amanhã” ─ em que os dias são passos do seu caminho que tem como alvo a cidade santa de Jerusalém. A explosão que ali vai provocar não tem nada de violência, mas de amor eterno. A única consequência irreversível é instauração definitiva do Reino de Deus, que é de fraternidade, justiça e paz ─ valores nem por todos e nem sempre reconhecidos e assumidos na prática.

A paz é sinónimo de entrega definitiva ─ naquele que é o “dia” anunciado para se cantar “Bendito o que vem em nome do Senhor!” Também é assim no itinerário vocacional pessoal de todos nós: a partir do momento em que a sucessão dos dias se dirige para aquele dia definitivo e irreversível, então não há dúvidas de que o coração não conhece o abandono de Deus, como se prevê da casa de Israel (personificada no Templo de pedras). Um dia cantarão, possivelmente, o cântico com aquele título “Bendito o que vem em nome do Senhor!” na entrada solene da tomada de posse de um pároco. Uma entrega definitiva começa aí, na missão de todos os dias, estando conscientes do horizonte que nos faz estar aí.

Os testemunhos vocacionais que mais admiro são os daqueles consagrados e consagradas (na vida presbiteral, na vida religiosa, na vida matrimonial, neste ou naquele serviço profissional que se exerce com a consciência do Batismo), que estão em ambiente de guerra (não só na Europa, mas lá onde existem focos de guerra que são muitos, infelizmente). Estas pessoas não se afastam, aliás mais reforçam a sua presença com a firmeza da fé, dizendo algo que me atrai as lágrimas aos olhos: “Foi para isto que disse sim no dia da ordenação ou votos perpétuos!”

Para que no nosso caminho vocacional pessoal saibamos responder como Jesus àqueles que nos querem desorientar ou meter medo, procurando desviar-nos da meta, podemos fazer como o Apóstolo nos sugere: revistamo-nos da “armadura de Deus”, para podermos resistir “às ciladas do demónio”. E não devem ser tanto os homens de carne e osso que nos devem meter medo, mas os “espíritos do mal”. Paulo adverte-nos a que resistamos ao “dia mau”, que aparece na Palavra de hoje em contraposição ao “dia bom” que Jesus anuncia. E exemplifica a armadura:

Estar firmes e orar: ser sentinelas!

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