Há tanta fé por detrás do pano da humildade! É esta relação que dá saúde ao serviço
Lc 7, 1-10; 1 Cor 11,17-26.33; Sl 40(39)
Na cena evangélica de hoje, é comovente contemplarmos que a atitude e oração humilde de um simples centurião em favor do seu servo provoca em Jesus um sentimento de admiração que transborda do seu coração para os ouvidos da multidão. A caracterização da tamanha fé daquele homem serve de mote aos enviados que vão confirmar a cura daquele servo. A tantos, Jesus disse “vai, a tua fé te salvou”; é como se dissesse aos anciãos “ide ver o que a fé daquele homem fez”.
Vejo este centurião personificado em tantas pessoas de boa vontade que colaboram na logística das nossas comunidades com estima e trabalho, não obstante a falta de assiduidade à prática ritual.
Vejo estes anciãos personificados naqueles que levam a Jesus as dores e angústias de toda a humanidade, com insistência, nos templos, mas também indo ao encontro de suas casas com Jesus no peito, capazes de ouvir por detrás dos gritos não só as dores, mas também de constatar virtudes, algumas vezes agrilhoadas por aquelas dores…
No entanto, há tantos gritos por ouvir e tanta admiração por expressar! Significa que não podemos deixar de, diariamente, ter numa das mãos a Bíblia e na outra os Jornais. E as portas de casa e do coração sempre abertas para deixar entrar os que gritam e deixar sair a admiração. Porque a ajuda aos pobres nunca será sobranceira, porquanto Aquele que era rico se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza.
A Palavra do Senhor que cura não tem limites: nem geográficos nem temporais. E os que frequentam o templo mais assiduamente não verão cumprir-se a promessa final enquanto todos não a tiverem escutado e não lhe tiverem respondido. Ao dizer “Portanto, irmãos, quando vos reunis para comer a ceia do Senhor, esperai uns pelos outros” Paulo refere-se à justiça quanto à Ceia do Senhor. No entanto, poderá ser a liturgia da vida menos do que esta espera de uns para com os outros?
Quer sejamos meros intercessores, quer tenhamos gritos para expressar, acreditemos que Deus vem sempre em nossa direção para atender os nossos pedidos e os daqueles com quem partilhamos a caminhada da vida. Urge falar de e a Jesus para curar. Se Deus amou tanto o mundo ao ponto de lhe dar o seu Filho Unigénito, seria um desperdício se não fosse para considerar a humanidade inteira!
O discipulado-missionário brota deste encontro e relação de amizade com Jesus. Não é mero seguimento e propagação de conceitos e doutrinas, mas testemunho de um encontro que salva. O Papa emérito Bento XVI teve sempre esta convicção na sua boca de pregador ou no seu punho de escritor. Sabia o que dizia!