Mt 24, 42-51

Frequentemente e quase exclusivamente pensamos nas palavras de Jesus ─ “estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem” ─ só como a vinda derradeira na nossa morte física. Desconectamos facilmente da Sua afirmação seguinte ─ “Quem é o servo fiel e prudente, que o senhor pôs à frente da sua casa, para lhe dar o alimento em tempo oportuno? Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar procedendo assim.”

Para um cristão, a vida eterna já começou, não se inicia só após a morte! Como bons destinatários e administradores da graça de Deus, os cristãos são chamados a estar preparados para receberem o alimento, de maneira a pode-lo partilhar em tempo oportuno. Estar preparado só para receber e morrer é de um consumismo muito individualista. Ninguém se salva sozinho nem ninguém se salva com as mãos vazias de boas obras!

Sempre imaginei a existência (desde o nascimento) e passagem para o além de mãos dadas. E a Hóstia consagrada que recebemos na Eucaristia não é a moeda que se colocava na língua do morto para conseguir passar pelo Hades, na cultura mítica grega! Os Sacramentos são encontros que alimentam a vida humana para que ela funcione já neste mundo, através do discipulado-missionário. Jesus não engana: “Em verdade vos digo que lhe confiará a administração de todos os seus bens”.

Receber sem preparação os sacramentos ou, pelo menos, sem acompanhamento póstomo, pode levar a que os mesmos, como ritos isolados, estejam distantes da vida terrena. Assim, uma má vivência pode distanciar-nos da vida eterna. Porque as duas vidas são só uma: começo que não tem fim. O ser humano faz parte das realidades criadas que não têm fim!

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