Os talentos são muitos, mas os que os fazem render são poucos

[Leitura] L 1 Is 66, 10-14c; Sal 65 (66), 1-3a. 4-5. 6-7a. 16 e 20 L 2 Gal 6, 14-18 Ev Lc 10, 1-12. 17-20

[Meditação] É desta forma que, hoje em dia, leio a exclamação-lamento de Jesus «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos». É exclamação, porque Jesus, como nós, hoje, podemos notar como a Criação de Deus é tão grande e bela e quantos talentos semeou Ele na vida de todos os homens e mulheres à face da terra. Porém, são poucos os que os põem a render para o bem comum.

Hoje em dia, são abundantes as queixas de que há poucas pessoas disponíveis para aceitar um emprego que tenha que ver com grandes missões, sejam elas o cuidado das pessoas com limitações ou deficiência, seja o trabalho árduo em grandes latifundiários, seja até o trabalho que implique sujar literalmente as mãos em funções que não são vistosas, embora o trabalho

Qual é o tipo de trabalho que fere a dignidade humana? E o eterno descanso aqui na terra também não ferirá essa dignidade, quando a pessoa tem idade e saúde para tal? Naturalmente, o trabalho que fere a dignidade humana é o que não dá espaço ao descanso, intercalado por grandes momentos de entrega aos outros numa atividade que dignifica a pessoa humana. O bem-estar prolongado, deitado a um ócio contínuo, promovido por dinheiro que se recebeu sem esforço não dignificará a vida de quem tem saúde e idade para trabalhar. O problema não está só em quem está inscrito no chamado rendimento mínimo, mas nas políticas que favorecem este limbo existencial.

O mesmo acontece na dimensão da resposta ao chamamento universal à santidade: não basta participar numas tantas atividades espirituais para nos sentirmos dentro de uma redoma divina; é preciso dedicar a vida a algo permanente que valha a pena. Por isso, mais do que nunca, precisam-se investigadores de talentos e promotores de respostas práticas de uma dedicação comunitária eficiente.

Quem de nós não gosta de ver um campo de amendoeiras floridas? E um olival cheio de azeitonas? No entanto, no tempo da colheita, poucos gostam de ser convidados para ajudar a colher os frutos. Porquê?!

[Oração] Oração contra os respeitos humanos que impedem a resposta a Deus:

Amigo Jesus,

Tu nunca deixaste que os elogios e palavras humanas impedissem de anunciares o Reino de Deus com as tuas palavras e gestos;

Ajuda-nos a ler bem o coração das pessoas e o próprio coração,

não deixando que desejos e paixões desordenados

impeçam de dar uma resposta generosa a Deus

que chama cada pessoa, sem exclusão,

a amar com atitudes e no contínuo de uma opção fundamental de vida.

Ajuda-nos a imitar Maria, que se levantou para, apressadamente, ir até à casa da sua prima Isabel.

Ámen.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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