Glamour e paradoxo: as duas faces do Natal cristão

[Leitura] Lc 2, 1-20; Jo 1, 1-18

[Meditação] Na Liturgia do Natal, enquanto o evangelista Lucas se preocupa com os aspetos históricos do nascimento de Jesus Cristo, o evangelista João interpreta teologicamente o acontecimento da encarnação do Verbo de Deus e a sua missão na história humana. Assim, estes dois tipos de abordagem (histórica e teológica) tentam descrever este evento grandioso e inaudito da entrada de Deus na história humana que o dia de hoje pretende celebrar.

No presente momento histórico, por um lado, procura celebrar-se o Natal com uma moldura de glamour, por causa do conforto humano com que se reveste a celebração desta quadra, dentro e, até, fora do âmbito da fé, sempre com motivos luminosos, manifestando ou escondendo os símbolos que nos ligam à origem desta quadra. Encontros familiares, presentes e ceias de Natal são frequentes, no ambicioso calendário natalício.

Por outro lado, os ouvidos mais atentos escutam o grito dos que se assemelham aos que viveram a primeira e verdadeira experiência do Natal, nas circunstâncias históricas relatadas por Lucas: rejeição, fuga, pobreza… Só mesmo um coração simples como o dos pastores e uma inteligência fundada na sabedoria divina como a dos Magos nos poderá ajudar a acolher a contradição para o envolvimento na sua sua resolução, nas circunstâncias atuais.

Para os que, como o evangelista João, conseguirem celebrar o Natal remontando ao antes da história humana (antes da encarnação do Verbo) e à presença de Jesus Cristo adulto na história da humanidade, não será fácil esconder a urgência da missão em que somos chamados a participar. As circunstâncias em que Jesus nasceu, infelizmente, repetem-se na vida de muitos, no hoje da nossa história. Cabe-nos a nós refugiarmo-nos no glamour do Natal comercial ou acitarmos habitar e caminhar por entre os escombros e desafios salvíficos do paradoxo nuclear do verdadeiro Natal. O centro da fé cristã é o Mistério Pascal de Jesus Cristo. Celebrar o Seu nascimento não tem outro objetivo que caminhar para ali e a partir dali, até que se cumpra toda a graça no decorrer na nossa experiência cronológica.

[Oração] Prefácio do Natal I:

Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte. Pelo mistério do Verbo Encarnado, nova luz da vossa glória brilhou sobre nós, para que, contemplando a Deus visível aos nossos olhos, aprendamos a amar o que é invisível. Por isso, com os Anjos e os Arcanjos e todos os coros celestes, proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo. O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hossana nas alturas. Bendito O que vem em nome do Senhor. Hossana nas alturas.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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