O povo clama por padres… O Senhor escuta. Quem enviaremos?
[Leitura] Dan 12, 1-3; Sal 15 (16), 5 e 8. 9-10. 11 L 2 Hebr 10, 11-14. 18 Ev Mc 13, 24-32
[Meditação] Conta uma história que
Uma vez, os guardas de uma prisão próxima do deserto trouxeram para a rua um prisioneiro e disseram-lhe:
— És livre. Vai e que sejas feliz.
O homem livre vagueou sem rumo e foi parar ao deserto. Aí encontrou um Sábio que lhe disse:
— Vejo que andas um pouco desorientado. Dou-te esta bússola. Servindo-te dela, poderás chegar a um oásis que fica aqui perto e depois a uma cidade onde há muita vida. Boa viagem!
O homem pensou: «Eu sou livre e este estranho quer impor-me um caminho e uma meta. Não aceito! Quero ser livre!» E atirou a bússola para longe.
Aconteceu que este homem desnorteou-se de tal maneira, que vagueou pelas areias do deserto e acabou por morrer. Foram encontrados mais tarde os seus ossos.
Um ano depois, os guardas libertaram um outro prisioneiro. O Sábio também lhe deu uma bússola e as mesmas orientações:
— Tens aqui uma bússola. Segue-a pois terás de atravessar um deserto. Mas, se te deixares nortear por ela, chegarás a uma linda cidade cheia de vida onde poderás viver. Vai e sê feliz.
Este segundo prisioneiro, ao contrário do primeiro, seguiu as orientações. A bússola ajudou-o a percorrer o caminho que o levou à terra da. liberdade. Conseguiu passar por alguns oásis, onde pôde matar a sua sede e descansar. Finalmente, chegou à meta.
Por vezes, na vida, também acontece assim: tem-se tanta vontade de liberdade e felicidade, mas renuncia-se àquilo que verdadeiramente pode ajudar-nos a encontrá-las. A impaciência em encontrar o rumo da verdadeira felicidade é uma bússola estragada. A sociedade, com muitas propostas enganosas, dopa-nos o cérebro.
A liturgia de hoje apresenta-nos a verdadeira bússola: a Palavra de Jesus. Só esta é que nos poderá ajudar a percorrer o caminho da imortalidade. Por isso, estes domingos que se aproximam no final do ano litúrgico não têm senão a função de nos ajudar um verdadeiro encontro com Cristo que virá, não só no final da nossa vida e dos tempos, mas também a este deserto onde precisamos da ajuda d’Ele, para não nos perdermos.
Neste deserto, precisamos de adotar três tipos de olhar, como nos aconselha D. António Augusto Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios:
1. Um olhar de gratidão…
2. Um olhar de realismo…
3. Um olhar de confiança e esperança…
O D. António Luciano, na Nota Pastoral que escreveu para este Semana dos Seminários 11-18 de novembro de 2018, exortou que
É preciso investir mais e melhor na pastoral familiar, juvenil e vocacional. É urgente que padres e leigos tomemos consciência da importância e valor do Seminário como casa de formação e acompanhamento, onde os jovens e adultos com uma vida humana e espiritual de qualidade, façam o seu percurso de amadurecimento e discernimento vocacional. Precisamos de trabalhar mais com as famílias para que se tornem o espaço privilegiado das vocações, escutar os jovens na Igreja, na escola, no trabalho e nos espaços de lazer, para que se alguns sentirem o chamamento de Deus à vocação sacerdotal tenham a coragem de responder sim ao chamamento de Cristo.
Somos verdadeiramente livres quando nos deixamos nortear pela bússola, que indica o que é justo e verdadeiro.
Algumas partes da Igreja Católica, por se gastar imensas energias e bens na manutenção do seu peso institucional, tendem a impludir. E ainda bem! Por outro lado, muitas partes da sociedade, por se apostar só na realização humana em busca de sucessos frequentemente efémeros, tendem a passar de moda. E ainda bem! E, mesmo depois de comprovarmos que «toda a educação é destinada a falir se toma como objectivo a estrutura antes que a pessoa», continua a defender-se a autorreferencialidade e a autorrealização que deriva dela, em vez de apostarmos numa auto-transcendência teocêntrica na consistência humana.
O bispo e os padres bem pregam, mas… quem quer imitar o seu estilo de vida? E porque será que, por vezes, o seu estilo de vida não atrai? (O mesmo se pode perguntar em relação aos matrimónios e consagrados/as.) O povo vive muitos tipos de indigência, não só a material, mas mesmo a solução desta precisa que se resolva a indigência espiritual. Podemos ser levamos a concluir que tanta pobreza material no mundo de uns é, certamente, consequência de tanto desperdício intelectual no mundo de outros, de maneira que somos levados pelo Papa Francisco a pensar que, se experimentarmos, também aquela pobreza material, com um pouco de espiritualidade podemos chegar a doar as nossas vidas em favor do pobres. Assim, deixamos que Deus se sirva de nós para levar a esperança a muitos!
[Oração] Pelos Seminários:
Deus trindade,
sabes o quanto somos mendigos de Ti.
À beira do caminho procuramos a luz
que dá mais sentido aos nossos dias
e cura todas as nossas cegueiras.
Tu passas sempre pela nossa vida
e acendes em cada um de nós
o desejo de sermos Teus discípulos.
Na Tua estrada queremos ser formados.
Nas Tuas palavras e nos Teus gestos,
Ser instrumentos da Tua graça.
Juntos no caminho,
queremos ser comunidade
enviada em missão
Rezamos por todos
os que arriscam seguir-Te,
especialmente os seminaristas
e pré-seminaristas.
Rezamos ainda por todos aqueles
que se entregam totalmente a Ti
e colocam a sua vida nas Tuas mãos
Pedimos-Te que continues
a despertar os corações adormecidos
para que mais jovens
das nossas comunidades
aceitem o desafio de Te seguir.
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo