The ‘Bolsonaro’ Effect (mais do mesmo porquê?)

Muitos nos perguntamos porque foi ganhar o Bolsonaro a primeira volta das eleições presidenciais no Brasil, assim como nos perguntamos porque foi ganhar o Trump nos Estados Unidos. (Já não perguntamos porque ganhou o Costa as eleições para a governação de Portugal, porque já sabemos!). Ouso chamar a este efeito de “Bolsonado”, parafraseando o título da série televisiva “The Carbonaro Effect” que se presta, com uma câmara escondida, a apanhar os desprevenidos com brincadeiras, utilizando as artes mágicas (cf. Sic Radical).

Provavelmente não estamos a colocar as perguntas certas. E se perguntássemos, antes: − Porque será que as multidões andam a seguir estes candidatos à presidência ou governação? − Porque é que candidatos cristãos não se aguentam consistentemente na realização do poder político ao mais alto nível? − Porque será que ações políticas de longo alcance perdem diante de promessas de curto alcance? − Onde estão as ações consequentes da doutrina pregada durante tantos anos na consequência prática do viver dos que creem em Deus (ou dos postulados éticos para os que só professam o humanismo)?

Certamente há bons cristãos na política, mas que ao mais alto nível não se conseguem aguentar porque se sentirão sozinhos. Mas não é só na política…! Este vídeo sobre o pensamento de Hannah Arendt pode elucidar-nos sobre como, na política, os seres humanos tendem a deixar de ser pessoas com pensamento próprio, deixando acontecer o contrário daquele objetivo que a política deveria servir: o bem de toda a humanidade.

Enquanto alguns cristãos, inclusivamente católicos, andam a perder-se em questões minimalistas, por exemplo tentando provar a personificação do demónio, alguns andam a emprestar-lhe, com ações totalitaristas, todos os seus esforços pessoais. Com grande inteligência o Papa Bento XVI já tinha definido aquele “demónio” como “não pessoa”, porque caracterizado como “não-relação”. Ou seja, esse espírito maligno não pode ser pessoa, mas possuir pessoas, roubando-lhes a capacidade de pensar por si próprias e de agir em conformidade com o bem. O que está a acontecer na sociedade parece-me que não é consequência de extremismos políticos (de esquerda ou de direita), mas de uma extrema pobreza (entre crentes e não crentes) na educação, a todos os níveis, do ser humano.

Falta muita formação. Cesse o sacramentalismo estéril (celebrando-se os Sacramentos com o respeito reverencial que eles merecem como ações de Cristo). Dê-se início a uma nova era de profecia (re)fundada no Evangelho, com uma atrativa e permanente catequese de adultos! Com esta formação das consciências e vontades talvez nos possamos desviar dos malabarismos de alguns que já está à vista de todos nos ecrãs das nossas TVs e Computadores, com entretenimento que virá a sair caros para todos. É preciso reencontrar o equilíbrio entre os totalitarismos e os minimalismos. Penso que o Papa Francisco nos quer apoiar na direção deste equilíbrio. Jesus terá iniciado a sua experiência terrena por aí…

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