Jesus, um bom publicitário mal compreendido
[Leitura] Is 50, 5-9a; Tg 2, 14-18; Mc 8, 27-35
[Meditação] É sabido, pelas técnicas de marketing mais eficazes, que o que é dito em último lugar nos 20 segundos de um reclame publicitário é o que é mais recordado pelos espetadores, de maneira a estes serem influenciados a ficar com uma ideia importante ou serem levados a comprar um certo produto. Vejamos o reclame sobre o seu projeto:
Depois, começou a ensinar-lhes
que o Filho do homem tinha de sofrer muito,
de ser rejeitado pelos anciãos,
pelos sumos sacerdotes e pelos escribas;
de ser morto e ressuscitar três dias depois.
Nitidamente, o que os discípulos teriam de reter como fonte de entusiasmo era a expressão «ser morto e ressuscitar três dias depois». No entanto, como ainda não sabiam o que era «ressuscitar», como poderiam não dar importância ao que causava escândalo. Não é por acaso que a publicidade que nos leva ao consumismo que promete o bem-estar prometido (mas nem sempre cumprido) limpa dos reclames tudo o que é entediante.
Entre o sacerdócio legalista (que decidia o que seria ou não seria impuro) e o messias profético (que trazia à humanidade a salvação há muito anunciada), os discípulos esperavam encontrar o messias-político que lhes desse um braço forte contra as injustiças provocadas pelas incoerências do tempo. A clareza de Jesus, depois da sondagem realizada, vem dar sentido último à profissão de fé de Pedro, não deixando que ela não se fique por um mero gnosticismo, mas que desça à experiência da carne humana (fugindo ao que se chamará mais tarde de plagianismo).
Jesus é o servo sofredor que nos ajuda a tirar partido do sofrimento, não fim em si mesmo, mas como um passo para uma vida maior. A melhor forme de O imitarmos é viver a síntese fé-obras, como nos lembra S. Tiago, com a cruz às costas. Uma cruz pessoal muitas vezes não escolhida, mas oportunidade de crescimento em maturidade, para uma felicidade mais realista e atuante no mundo, na linha de uma espiritualidade incarnada.
[Oração] Sal 114 (115)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo