A necessidade dos gestos como provocação de abertura para Deus
[Leitura] Is 35, 4-7a; Tg 2, 1-5; Mc 7, 31-37
[Meditação] A cura do surdo-mudo, acontecida na Liturgia depois de Jesus ter rebatido o legalismo verborraico dos escribas e fariseus, vem afirmar a necessidade dos gestos concretos e discretos como provocação de abertura para Deus.
No nosso vernáculo não conseguimos perceber muito bem (e daí a necessidade de também precisarmos de ser tocados pela graça de Deus!) que tipo de surdez e mudez sofria aquele homem, uma vez que o toque de Jesus (nas insinuações do original grego) não se refere ao “objeto” da orelha, mas à capacidade de ouvir e, quanto à língua, refere-se que ele “mal podia falar”, de onde podemos concluir que falasse, mas sem saber comunicar bem o que sentia.
Também pode, por vezes, acontecer assim connosco: ouvimos a Palavra, mas sem a compreender; queremos testemunhá-la, mas sem perceber o efeito do que dizemos, faltando os gestos (obras) de caridade que lhe deem coerência, que é a eloquência do bem. No Batismo, o que o administra, ora sobre a criança a oração do “Effatá”, que quer dizer “Abre-te”, suplicando a Deus que possa, em breve, ouvir a Palavra de Deus e testemunhá-la com a boca. Que o processo da fé iniciado no Batismo possa desenvolver-se através do “toque” que Jesus nos faz a partir dos seus “sacramentos”, de modo que possamos também ser “sacramento” do seu amor para aqueles não O conhecem.
[Oração] Sal 145 (146)
[ContemplAção]