A inviolabilidade da vida humana não é para se morrer bem, mas para se viver (eternamente) bem!

ASCENSÃO DO SENHOR | SEMANA DA VIDA | 52º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

[Leitura] Act 1, 1-11; Ef 1, 17-23; Mc 16, 15-20

[Meditação] Num momento em que mais de 37 mil peregrinos se encontram em Fátima, não é fantasia nenhuma afirmar que o ser humano tem inscrita no seu interior a necessidade de buscar a verdade plena que se encontra em Jesus Cristo, a única capaz de nos tornar livres (cf. Jo 8, 32). É neste tema que se centra a Mensagem do Papa Francisco para o 52º dia Mundial das Comunicações Sociais, respondendo à urgência de combater as noticias falsas (“fake news”) com as quais muitos órgão de comunicação social sobrevivem, deixando um lastro de mentira que manipula a vida, sobretudo dos mais pobres e mais débeis. Nesta mesma solenidade da Ascensão do Senhor se inicia a Semana da Vida, onde somos convidados a defender, mais uma vez, a inviolabilidade da vida humana, quando os que governam a sociedade nos tentam impor a eutanásia como solução para o sofrimento em desespero. Esta é uma boa “hora” para os cristãos “acordarem” e, não ficando a olhar para os céus, reativarem esforços de esclarecimento em favor da dignidade da vida humana, conforme a vontade de Deus.

No Evangelho da Solenidade, Jesus Cristo garante-nos que, apesar de ter subido aos Céus, nunca deixará os seus discípulos órfãos, contrariamente à tendência humana de, na Sua ausência, ignorar que o Senhor coopera com quem Lhe é fiel. O povo costuma dizer «patrão fora, feriado na loja», o que neste âmbito nos leva a metaforizar desta maneira: para quem não crê em Jesus Cristo, tudo vale, fazendo-se passar por dono de uma suposta verdade, direcionada ao lucro a todo o custo e em favor próprio, com produtos que garantem aliviar os sofrimentos e estresses dos outros. Naturalmente que a consciência destes “outros” é manipulada no sentido de continuarem a sentir-se necessitados desses produtos que prometem aliviar o sofrimento, mas, ao final, nem sequer a angústia aliviam, só a aumentando num círculo de vício. Pois é neste ponto que o Papa nos convida a anunciar a única verdade libertadora, a única capaz de nos ajudar a identificar as necessidades essenciais para a vida humana, que se resumem no dom pascal da Paz.

Abriu-se, mais uma vez, a “caixa de pandora”: como não há produtos que solucionem todas as doenças, dando-se conta que a ciência tem limites, alguns propõem, com a mesma limitada ciência, pôr fim ao sofrimento com a perversa sugestão de pôr fim à vida da pessoa. É este o círculo vicioso da economia sem ética: é ser o grande “predador”, não aceitando que haja um Deus acima de si. Naturalmente que este tipo de economia sem ética tem um rosto ou rostos que habitam uma política sem escrúpulos, porque sem Deus. A perversidade chega até ao ponto de corromper as bases da nossa civilização, pela desobediência ao que consta nos artigos 24º e 25º da Constituição da República Portuguesa.

A liturgia desta Solenidade e o convite à celebração da Semana da Vida, incluem o grande “paliativo” do encontro que leve a ver bem, a julgar sobre os problemas envolvidos e agir em conformidade com aquilo em que se acredita. E a partir da Igreja, é preciso dar mais atenção à promessa do Senhor, mais do que na formação de “partidos”: «Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». Andamos, por exemplo, há muitos anos, a fazer da Santa Unção uma “seringa” para se morrer com dignidade, do que uma petição para se viver com dignidade. Até quando, Senhor? De que modo podemos fazer as “exéquias” a esta pastoral “eutanásica”?

Há muito mais vida para vivermos que está «escondida com Cristo em Deus (cf. Col 3, 3). Para obedecermos aos desígnios do Amor que nos promete esta vida, somos convidados a promover o diálogo ente a ciência e a fé (e vice-versa) para que estas se multipliquem em afetos que possibilitem sobreviver ao desespero causado pelo sofrimento nas situações de limite. Segundo assegura Henrique Raposo, o «desencontro entre a técnica médica (que aumenta cronologicamente a vida dos idosos) e a moral familiar (que coloca o velho num canto) é a brecha da muralha por onde entra o veneno da eutanásia». O segredo é a Família! Vamos a programar e a atuar uma pastoral familiar de todos e para todos, sem as “gaiolas” em que deixamos oprimir a família cristã!

[Oração] Sal 46 (47); Oração pela Vida:

Pai Santo, Amor Criador,
Senhor da vida, Deus providente
e todo-poderoso: desde toda a
eternidade quisestes o ser e a vida de
cada um de nós, e enviastes o vosso
Filho ao mundo a fim de que tenhamos
a Vida e a tenhamos em abundância.

Dai-nos o vosso Espírito vivificante
para que, sempre, em qualquer
circunstância e sem exceção alguma,
defendamos, amemos e sirvamos a
vida, dignidade, direitos e integridade
de cada ser humano – desejado
ou imprevisto, são ou enfermo,
escorreito ou deficiente – desde o
momento da sua conceção, ou fase
unicelular, e em todas as fases da sua
existência até à morte natural, e,
indo, assim, ao vosso encontro,
alcancemos a felicidade eterna.

Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo. Ámen.

Oração pela Paz, única verdade que liberta:

Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.

Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.

Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.

Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.

Vós sois fiel e digno de confiança;

fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:

onde houver ruído, fazei que pratiquemos a escuta;

onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;

onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;

onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;

onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;

onde houver superficialidade, fazei que coloquemos interrogações verdadeiras;

onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;

onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;

onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.

Ámen.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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