A Hora dos Seminários: do «Fazei o que Ele vos disser» ao «Fazei isto em memória de Mim»

[Leitura] Sab 6, 12-16; Sal 62 (63), 2. 3-4. 5-6. 7-8; 1 Tes 4, 13-18; Mt 25, 1-13

[Meditação] Hoje começa a Semana dos Seminários que a Igreja vive até ao próximo XXXIII domingo do tempo comum. Metaforizando a mudança da hora que há poucas semanas vivemos, acostumados que estamos a aproveitar o mais que pudermos o tempo útil de sol para os nossos afazeres quotidianos, leio a oportunidade do tema escolhido para esta Semana dos Seminários 2017 − «Fazei o que ele vos disser» (Jo 2, 5) − como um conselho de Maria a aproveitarmos esta hora para mudarmos, também, a nossa forma de gerir o “tempo” da graça a que se costuma chamar o “kairós”, que nalguns aspetos depende inflexivelmente da existência dos ministros ordenados.

É eloquente a escolha do tema nesta hora da Igreja que, comparativamente à atitude da mulher-mãe Maria em relação à inauguração da vida pública de Jesus, é chamada a apoiar maternalmente a “gestação” da opção fundamental de vida dos jovens de hoje. No mundo de hoje, tem-se a impressão de muitos jovens estarem a habitar o “país das maravilhas” a que chamamos de felicidade, não tendo passado ainda por uma decisão de vida que possa ser perene e indissolúvel. É como se o “vinho” desta felicidade verdadeira não conseguisse ser solúvel na “água” desta humanidade que não se deixa convencer que precisa e pode alimentar esta presença de Cristo através da consagração de jovens.

Aquela “hora” de Maria é uma ponte para a “hora” de Jesus, na qual Ele mesmo proclama «Fazei isto em memória de Mim» (cf Lc 22, 19). Para que esta “hora” da Eucaristia continue a ser possível nas comunidades, são necessários os presbíteros. Para que haja presbíteros, é necessária aquela “hora” de Maria, mediada pela pastoral das vocações. A segunda e última “hora” é mediada pela formação dos presbíteros no Seminário.

À objeção (consciente ou inconsciente) ao “abuso” da Palavra para agilizar o bom processo vocacional dos jovens, em contraposição a tantos argumentos que dissipam a possibilidade da vocação presbiteral para tantos jovens rapazes, podemos proagir (não reagir) com a convicção de que não bastam meras ideologias humanas que garantem o bem-estar e a dimensão profissional, por mais que apareçam convincentes, para ajudar a cumprir a felicidade eterna.

[Oração] Oração pelos Seminários:

Deus, nosso Pai,
que pela Vossa Palavra
tudo criastes e tudo sustentais,
nós Vos damos graças
pelo dom do Vosso Filho, Jesus
Palavra viva e reconciliadora.
N’Ele manifestais o esplendor da Vossa glória,
para que, acreditando n’Ele,
vivamos segundo a Palavra
que nos cria de novo.
Nós Vos bendizemos
pelo dom do ministério sacerdotal,
pelo qual associais aos primeiros discípulos,
que acreditaram em Jesus, outros companheiros
que continuam a servir à humanidade
o alimento da Palavra,
o banquete da Eucaristia
e a via da Reconciliação.
Nós Vos pedimos pelos seminaristas
e seus educadores,
para que abram os corações à Palavra
e a vivam com desassombro,
dando testemunho da Vossa alegria no mundo.
Maria, mãe de Jesus e nossa mãe,
vós que conheceis as necessidades humanas
e ensinais a viver como diz o vosso Filho,
abri novos corações para a disponibilidade
de viver ao serviço da alegria.
Maria, repeti hoje aos nossos corações:
“Fazei o que Ele vos disser”.
Ámen.

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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