A substância da Palavra requer o invólucro humilde do serviço
[Leitura] Mal 1, 14b – 2, 2b. 8-10;1 Tes 2, 7b-9. 13; Mt 23, 1-12
[Meditação] A liturgia de hoje concentra-nos o olhar em todos aqueles que têm na Igreja um papel de chefia na participação comum da missão universal de Cristo. E rapidamente damos conta que nem sempre foi o serviço o invólucro dos conteúdos que se pregaram. É, pois, oportuno fazer-se um exame de consciência.
Já tive, pessoalmente, a oportunidade de limpar sanitas (literalmente) antes de o sugerir ao trabalho de equipas, entre os seminaristas de uma comunidade de adolescentes que acompanhei. Dei-me conta, nesta ocasião, que eles o faziam de bom grado, depois de eu o fazer primeiro na explicação de como eles também o poderiam fazer.
Na vida das pessoas consagradas pode acontecer, porventura, a distância que existe entre o ministério que exercem e o que nunca deixaram de ser: cristãos batizados! Consideremos quanto este “título” (de passagem para a outra vida) tem sido encoberto por outros que não se ligam diretamente com a missão de Jesus!! Não estou aqui a inferiorizar os títulos de “bispo”, “padre” ou de “diácono”, mas só a tentar sublinhar que, na verdadeira teologia que informa o Sacramento da Ordem, estes existem na “ordem dos meios” e não na “ordem dos fins”! Andámos muitos anos (talvez maioritariamente os que coincidiram com a obscuração da leitura/escuta da Palavra de Deus) a inverter a ordem: quanto mais se subisse na escala clerical, mais certo se estaria de ganhar o céu. Por esta lógica, o “inferno” é que ganharíamos!!
Menos mal que há muitos exemplos de humildade no serviço (como o Apóstolo Paulo), aqueles que nos permitem perseverar na missão em comunhão. Concluo que o Evangelho de hoje é contra todo o tipo de “travestismo” que impede o princípio ativo da Palavra de atuar no mundo de hoje, obscurecido por meros interesses humanos.
[Oração] Sal 130 (131)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo