O mar de incêndios e os condicionalismos-fantasma a impedir a visão e o socorro do Mestre
[Leitura] 1 Reis 19, 9a. 11-13a; Rom 9, 1-5; Mt 14, 22-33
[Meditação] É incrível como depois do flagelo de Pedrógão Grande, as ondas perversas de incêndios ainda percorram as florestas (que ainda há) em Portugal. E, na margem de cá, oposta a um melhor rumo de soluções para a proteção da vida e dos bens das gentes, a distrair, toda uma artificialidade de festas “refrescantes” de verão e a publicidade-fachada a vestir “bombeiros” de palmo e meio, levando-nos a contribuir a partir das fábricas de consumo que são os hipermercados. Tudo à margem da Laudato Si’ do Papa Francisco… A margem de lá seria outra, a de uma nova civilização sonhada pelos cristãos!
Na minha humilde opinião, a falta de organização na limpeza das matas e a inexistência de vigilância e prevenção já são dolo. Proponho, à luz da Palavra de Deus, o aceitar da visão da verdade e da mão do Mestre, por um lado, numa atenção proativa às mensagems que os Bispos portugueses escreveram: «Cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios» e «solidários com as vítimas dos incêndios»; por outro, no respeito por quem efetivamente dá a mão sem segundas intenções (incluindo tantos bombeiros municipais e voluntários que se sujeitam ao terreno).
Está a fazer-se muito silêncio sobre a corrupção e as tempestades de fogo sofridas pelos que pouco têm e nada obtêm da justiça que se deveria de realizar para repor serenidade às suas vidas. Só mesmo o Mestre, que no monte rezou e como Ressuscitado continua a velar pelos “pequeninos” que sofrem.
De facto, a resposta para os males terrenos não está nas manifetações barulhentas, sejam elas distrativas deste sofrimento veraneio, sejam elas de filantropia (não)governamental. A resposta está no vento que se antecipa às consciências que o mundo quer manipular para ganhos iníquos. Urge a presença de profetas que não só digam, mas conjuntamente façam algo até ao ponto de correrem o risco de «serem anátemas, separados de Cristo, em favor dos irmãos». Interpreto estas palavras arriscadas de Paulo naqueles que, hoje em dia, dispensam da sua ação de cristãos a cerimónia do “politicamente correto”. Este “fantasma” continua a impedir uma visão clara da Verdade com a qual Se identifica Cristo no Evangelho, por onde continua a vir ao encontro dos que sofrem tribulações, a querer estender-lhes a mão para efetivamente os salvar. Arriscamos caminhar sobre estas águas, confiantes?!
[Oração] Sal 84 (85)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo