A cruz redentora é sacrifício humilde sem o “fel” do pecado

[Leitura] Is 50, 4-7; Filip 2, 6-11; Mt 26, 14 – 27, 66

[Meditação] A Jesus Cristo deram ‘vinho com fel’ (Mt 27, 34), mas Ele não o aceitou, depois de o provar. O dicionário bíblico diz-nos que o fel era um vinho fraco, azedo, misturado com uma droga chamada ‘mirra’ (Mc 15, 23), empregando-se essa bebida com o fim de produzir a estupefação nos supliciados. Com a sua atitude, Jesus ensina-nos que, apesar de “provar” o que custa a nossa condição, não quer, mesmo assim, “analgésicos” que enfraqueçam a terapia ajustada à salvação que a humanidade precisa: a sua doação na Cruz até ao fim.

Por acaso, já me aventurei a tentar aprofundar de que teor ou qualidade era o sofrimento de Jesus na Cruz, já que na quantidade, parece que o sofrimento de muitos seres humanos se lhe pode assemelhar, como os que estavam crucificados ao lado d’Ele. A minha surpresa foi encontrar uma resposta: segundo o psiquiatra Scott Peck, foi na dimensão psicológica que o sofrimento de Jesus foi maior qualitativamente, como também quantitativamente (por toda a humanidade). Trata-se de compreendermos da consciência de Jesus sobre o facto de saber no que estava em jogo: aceitar o suborno dos sacerdotes do templo (desça da cruz para que acreditemos n’Ele) ou a obediência ao Pai. Ele tinha a plena consciência de que poderia deitar tudo a perder naquela oportunidade desigual e única. Por isso, estava só e pergunta sobre o abandono de Deus. Mas não desiste de não deixar que a sua condição psicológica (psiqué, anima) pendule para os desejos da carne (sarx). Em vez disso, obedece ao Espírito (pneuma).

O Seu Sangue derramado, por isso, mesmo que não o saibamos compreender ou merecer, é “bálsamo” que nos purifica nesta via-sacra humana, sem qualquer mácula do pecado que nos tira a vida eterna.

[Oração] Sal 21 (22)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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