O des-dilúvio é o progressivo acolhimento da graça de Deus
[Leitura] Gen 8, 6-13. 20-22; Mc 8, 22-26
[Meditação] É curioso que na cura deste cego, Jesus tenha de atuar por duas vezes os seus procedimentos de cura. Não me parece por ineficácia, mas talvez por respeito ao ritmo do seu paciente. Pode acontecer que o seu corpo tenha resistências à graça que lhe está a ser oferecida… Também pode acontecer que Jesus respeite o que o cego já vê, interiormente, sem que a cura seja só fruto do Mestre, mas também do esforço do paciente. Nas suas curas, Jesus respeita sempre o parecer do outro, dado que Ele não quer fazer espetáculos com as curas, centrando-a na pessoa do paciente e não em Si (afastando-Se com ele, por isso mesmo).
Penso que, nesta unidade bio-psíquica-racional/espiritual que é o ser humano, o seu progresso, quer no que toca à maturação através do crescimento, quer na restauração a partir de um procedimento de cura, acontece também (e muito) desde o acolhimento da graça circunstancial que lhe é dada.
Esse acolhimento depende das motivações interiores, como aquelas que Noé tinha ao lançar, primeiro o corvo, depois a pomba, com o desejo de realizar o sonho de encontrar terreno firme onde pousara a sua barca e o que ela continha. Na Igreja, essa graça de Deus é partilha através de uma multiplicidade de ações (chamadas Sacramentos). Desde o interior de cada barco, o ser humano precisa de responder, continuamente, à pergunta «Vês alguma coisa».
[Oração] Sal 115 (116)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo