As chagas silenciosas que suportam a exclamação da fé
[Leitura] Is 53, 1-10; Jo 19, 28-37.20, 24-29
[Meditação] Independentemente do número 5 das chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo (há quem lhes acrescente um número maior, conforme as visões privadas que se foram somando na história), impõe-se ao meu espírito a relação entre o silêncio com que são suportadas por Seu amor e a exclamação da fé dos crentes. Na verdade, entre as visões do Ressuscitado e o hoje, há um grande silêncio patente na ausência empírica do contacto direto com as Suas chagas e a latência de uma fé que, para ser exclamada, implica um outro tipo de toque: o do silêncio que consente reconhecê-l’O nos irmãos que sofrem.
Por conseguinte, a pessoa que quiser exclamar a fé no Ressuscitado não pode por aí andar a “colecionar” as chagas de Cristo de forma espiritualista, como quem coleciona pagelas que se tem escrúpulos em deitar fora… Mas, preferencialmente, a revisitar a sua paixão naqueles que sofrem no nosso tempo. Tocando-os, não só com o olhar, mas também com a nossa assistência paliativa, podemos crer que Ele está vivo por detrás destas chagas atuais que, sendo materialmente mais ou menos semelhantes, anunciam uma vida nova que recebe como consequência do Seu sacrifício por toda a humanidade.
Portanto, não importam as chagas em si, mas as pessoas que as suportam e o que lhes podemos ou devemos anunciar com a nossa presença, ainda que silenciosa, mas amável. «Felizes os que acreditam sem terem visto!»
[Oração] Sal 21 (22)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo