Jesus não veio senão para pregar e curar

[Leitura] Hebr 2, 14-18; Mc 1, 29-39

[Meditação] No evangelho de hoje, talvez esteja implícita uma justificação para o facto de a Igreja se ter servido mais da teologia negativa do que da positiva para tentar dizer o que Deus é, começando por afirmar convictamente o que Ele não é. Os espíritos maus (dos “demónios” que infligem as doenças físicas, psicológicas e espirituais) sabem o que Jesus é, enquanto que os espíritos bons (daqueles que incarnam a vida) sabem o que Ele não é. Sabendo os inimigos o que Ele é, deixando-os falar, eles iriam, à maneira da antiga serpente, deturpar o sentido da vida e impedir o que poderia levar a comer da árvore da vida, fonte de cura. Então Jesus, mesmo sem os seus pacientes saberem como Ele os cura, põe em prática um dos mais inéditos procedimentos (juntamente com as parábolas) que é: não deixar que um pensamento ou sentimento mau deprima a possibilidade de uma ação paliativa. É esta que confirma se o que está escrito é verdade ou não e em Jesus as suas ações manifestam sempre a verdade.

Sobre a essência de Deus fala-se mais com o “silêncio” das boas obras do que com o “barulho” das palavras. Aquelas, mais do que estas, são símbolos dos quais se serve a teologia apofática (ou negativa) que, através da via da contemplação e do afeto, é mais eficaz do que uma simples teoria, por mais bem fundamentada que seja. Já em todo o Antigo Testamento, Deus dá-Se a conhecer por aquilo que faz em favor da humanidade. Na história da nova aliança, Jesus segue a mesma pedagogia de Deus, não perdendo tempo a dar ouvidos a afirmações que O impedissem de cumprir o seu programa.

Jesus é quem pode dar a vida eterna. Por isso, trabalha incansavelmente a defender a humanidade dos inimigos que a podem destruir, pois, como nos afirma o autor da Carta aos Hebreus, o diabo tem poder sobre a morte. Quer dizer que pode sujeitar os homens a ela. Jesus, pelo contrário, pode elevar para a vida sem fim. Por isso, quis ter o mesmo sangue para, ao sujeitar-se, Ele mesmo, à morte, a destruir definitivamente. O diabo não tem o mesmo sangue! Por isso, não passa de uma “má ideia” ou “mau pensamento” que pode levar à possibilidade de morrer para sempre. Por isso, Jesus mediatizava as suas ações com a oração ao Pai.

[Oração] Sal 104 (105)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

%d bloggers gostam disto: