A Boa Nova da Paz é «não-violência ativa e criativa»!

[Leitura] 1 Num 6, 22-27; Gal 4, 4-7; Lc 2, 16-21; Mensagem do Papa Francisco para o 50º Dia Mundial da Paz

[Meditação] Anúncio, Encontro e Testemunho é a sequência sob a qual contemplo a experiência dos pastores relatada por São Lucas e que pode, ao mesmo tempo, caraterizar o processo de perceção, comunhão e missão da nossa experiência mística cristã, sempre chamada a partir do acontecimento primordial da nossa fé e a renovar-se continuamente ao encontro do mundo onde somos chamados a semear a paz que nos vem de Deus. Os pastores foram atraídos a um encontro que confirmou o que lhes fora anunciado, de maneira a serem posteriormente impelidos a testemunhar a alegria transformadora desse encontro. Esta sequência descreve também a experiência do encontro com o Ressuscitado que impele os Apóstolos a testemunhar o primeiro anúncio que gera o início da Igreja. É este ardor que o Papa Francisco refere como necessário quando escreve: «A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus» (EG 1). Estará a ser a dinâmica de fundo na nossa experiência eclesial, em vista à difusão da verdadeira paz?

Na sua Mensagem para este dia, o Papa Francisco propõe-nos a “sã utopia” da «não-violência como estilo de uma política para a paz». No mundo dilacerado em que vivemos, ele almeja a paz para toda a humanidade, apresentando-nos a Boa Nova como força mais poderosa que a violência, recordando a proposta inédita de Jesus ao convidar-nos a amar os nossos inimigos. Recorda que esta lógica cristã pode começar por aprender-se na família, onde a alegria do amor nos ensina a comunicar e a cuidar dos outros desinteressadamente e onde os conflitos podem ser superados pelo diálogo. Deixa-nos o convite renovado a cuidarmos da casa comum e a continuar a exercer a misericórdia que não descarta os outros, antes os integra nos benefícios da solidariedade, através de uma não violência ativa e criativa.

A liturgia deste dia assegura-nos que Jesus sujeitou-Se à Lei, mas não foi para ficar preso ou nos prender a ela. Foi para nos resgatar e fazer-nos filhos adotivos, ao ponto de, pelo Espírito e como herdeiros da mesma graça, podermos todos aclamar «Abbá! Pai!». O sim de Maria permitiu o espaço fecundo para que, no caminho da Igreja aberto a toda a humanidade, se instaure aquele círculo virtuoso que, pondo de lado toda a ambição e a vingança que geram a violência, nos faz habitar o Reino da Paz. Para gerarmos a não-violência podemos aprender de Maria: o que não compreendemos, ou seja, o que nos coloca numa situação de fraqueza ou insegurança aparente, por nos revelar uma admiração ao que vem do totalmente Outro, é para contemplar no coração com uma mansidão que se abandona ao Espírito Santo  até ao momento em que o que se contém com uma reverência simples há de ser testemunhado com uma coragem crente.

Que a nossa vivência do cristianismo não fique fechada nestes ritos natalícios, para não ficarmos amarrados à Lei, mas levando a bênção contida nestas celebrações de Natal para o longo do ano novo, resgatando os nossos irmãos e ambientes ao clima de medo com que alguns iniciam as pequenas ou grandes guerras. Aproveitemos orações como aquela que encontramos no Livro dos Números e que abaixo proponho como oração.

[Oração] Sal 66 (67) ou:

O Senhor nos abençoe e nos proteja.
O Senhor faça brilhar sobre nós a sua face e nos seja favorável.
O Senhor volte para nós os seus olhos e nos conceda a paz.
(cf. Nm 6, 22-27)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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