As três “ordens” do caminho cristão: ver, seguir e servir
[Leitura] Ap 5, 1-10; Lc 19, 41-44
[Meditação] Santa Isabel da Hungria, nos seus 20 anos de idade, ter-se-ia deixado esmagar pelas consequências da morte do marido se não tivesse optado por entrar na ordem terceira franciscana, uma vez que a expulsaram da corte e a obrigaram a abandonar os três filhos. Depois de viver a felicidade juntamente com o marido que ajudou a ver o bem, desceu para a humildade do serviço concreto aos enfermos de um hospital que ajudou a fundar.
Nesta última semana do tempo comum, prestes a entrar num novo ano litúrgico, São Lucas tem-nos ajudado a contemplar a passagem de Jesus por Jericó. Esta cidade fica mais baixa que Jerusalém e Jesus, ainda que não o precisasse de fazer por razões estritamente pessoais (na verdade, poderia ir diretamente para Jerusalém sem este desvio significativo), vai ao encontro da humanidade que Ele sabia precisar de fazer o “grito do cisne cristão”: aquele grito corajoso antes da “morte” para para o mundo que ajuda a fazer os primeiros passos no seguimento de Jesus.
Ver, seguir e servir definem os três graus do Sacramento da Ordem, a começar pelo primeiro — o do Bispo — a quem é dado o dom da episcopalidade (ver de cima), como Cristo que viu primeiro a cegueira de Bartimeu, para que este O pudesse ver e seguir; vêm, depois, os Presbíteros com o segundo grau que implica uma configuração com Cristo que, na humildade, é participada pela comunhão obediente com o Bispo que “desce” à casa da Igreja pela delegação dos mesmos; o terceiro grau é o do Diácono que é ordenado em ordem ao serviço prático, sobretudo, para com os pequeninos e os mais frágeis. Daqui se pode tirar, também, o sentido do caminho cristão para aqueles que vivem o sacerdócio comum dos fiéis, não como mera cópia, mas como igual fundamento de dignidade assente no Evangelho que nos faz ver, nos permite seguir e nos instrui o servir. Assim, o serviço é que foi a verdadeira “ordem terceira” que ajudou Isabel da Hungria a sobreviver no mundo, mas a viver para Deus e para os irmãos.
Que a visão da fé não seja atrabalhada pela confusão das multidões dentro e fora da Igreja; a humildade não se deixe envergonhar por aqueles que no topo da árvore da economia social não fazem a sua declaração de rendimentos; que a “voz” profética do serviço aos mais fracos não se deixe calar por qualquer autorreferencialidade demagogicamente desincarnada.
[Oração] Sal 149
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo