O tempo verbal de Jesus é o “tem de ser” sem títulos nem rodeios
[Leitura] Co 3, 1-11; Lc 9, 18-22
[Meditação] A sabedoria de Coelet tem-nos vindo a mostrar o “Génesis” do Tempo, apresentado, também, como “criatura” que Deus cronometrou numa certa ordem, para que o homem pudesse compreender o princípio e o fim de todas as coisas que há debaixo do céu. Jesus sabe, também, que não escaparia à fugacidade do tempo e, por isso, não se deixou distrair com as suas rápidas alternâncias.
Lembrado de ter ouvido falar do fatídico recenseamento que o pai do então Herodes Antipas mandou fazer com o intuito de O matar, porque não sofre de “apagões” na memória, Jesus faz uma sondagem entre os seus, dando conta de que, afinal, entre outros títulos, também O querem fazer rei à moda do mundo, pondo-O, no “nascimento” para a sua vida pública, a correr o risco de ver o seu projeto novamente “abortado” às mãos de um herdeiro igualmente invejoso.
Agora, Jesus não se importa com a ignomínia da morte, tanto quanto com a possibilidade real de que este segundo Herodes Lhe “mate” a missão de salvar a humanidade, uma vez que ao juntar as peças do “puzzle”com a ajuda da mesma sondagem confirmada por Jesus, procurava vê-l’O com a perplexidade de se ver perseguido por Aquele a quem o seu pai não conseguiu tirar a vida.
Maduro, sem rodeios e sem se apegar ao título, mesmo que merecendo-o, Jesus opta pelo imperativo do tempo “tem de ser”, não para fugir, mas para Se entregar convenientemente em obediência ao Pai, diante de quem orava sozinho. Imitando-O, fora do “paraíso” inicial que simboliza a infância de cada ser humano, cada jovem e adulto é chamado a reconfigurar a vida segundo o mesmo imperativo de aproveitamento do tempo para fazer o que tem de ser feito, para não se ver deitado às “garras” dos “reis” que o usam mal à custa de súbditos e cúmplices.
[Oração] Sal 143 (144)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo