Praticar a Palavra de Jesus é um identificativo pré-institucional e além-fronteiras

[Leitura] Prov 21, 1-6. 10-13; Lc 8, 19-21

[Meditação] Na memória dos Santos André Kim Taegon, presbítero, Paulo Chang Hasang, e Companheiros, mártires, temos, novamente, a oportunidade de meditar aquele episódio simples em que Jesus declara o que significa fazer parte da Sua família: ouvir a Palavra de Deus e pô-la em prática. O episódio, à primeira vista, parece marginalizar a Mãe de Jesus e os seus “irmãos”, mas é o contrário: eles estão fora daquela «multidão» que, muitas vezes, serve de fosso, impedindo que os que vivem nas periferias possam chegar até Jesus. Portanto, a afirmação de Jesus em relação aos seus familiares não desclassifica aqueles que O querem ver. «Estar fora» nem sempre significa não fazer parte da família de Jesus. A expressão de Jesus em relação a Maria e seus irmãos é é copulativa e não conjuntiva!

Como lemos no inspirado Livro dos Provérbios, «é o Senhor que pesa os corações» e «praticar a justiça e o direito vale mais do que o sacrifício aos olhos do Senhor». Cada vez mais temos escutado declarações do Papa Francisco e de alguns pregadores a advertir-nos para o perigo enunciado, também, nesta primeira leitura: «quem fecha os ouvidos ao clamor do pobre também clamará, mas sem que lhe respondam». O anúncio do kerigma é pré-institucional, como o trabalho de acompanhamento espiritual é pré-moral, etc. Em vez desta pastoral informal, mas profética, muitas vezes, prefere-se uma pastoral sacrificial meritória que, afinal, não presta verdadeiro culto − Deus é Quem o diz! Mesmo assim, não faltam movimentos tendenciosos a obstaculizar o (não aparente) movimento dos que procuram Jesus com todo o coração, sendo que, por vezes, o “todo” seja um coração frágil e sedento de vida.

Não nos deve escandalizar que a sociologia da religião nos faça ver a pluralidade de caminhos entre o “crer” e o “pertencer” , com os quais somos chamados a cruzar-nos sem a pretensão de servir de “sinais de trânsito”. Podemos confirmar isso na Revista DIDASKALIA, da Faculdade de Teologia de Lisboa, com o estudo Crer e pertencer: a sociedade portuguesa no início do século XXI (2013, Vol. XLIII), em que nos é apresentada uma gradação do ser católico, considerando o grau da prática: nominal, praticante ocasional, irregular, praticante regular, obsservante e militante. Esta gradação, respetivamente, leva-nos a contemplar entre os que nunca praticam aos que praticam para além do mero culto dentro dos templos. Este estudo prova-nos que pertencer implica mais que crer: é necessário dar atenção ao pobre, para se ver cumprida toda a religião ou, melhor dizendo, viver a fé segundo a vontade de Deus.

[Oração] Sal 118 (119)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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