Discípulo é aquele que se subalterna à Palavra

[Leitura] 1 Cor 11, 17-26. 33; Lc 7, 1-10

[Meditação] Um dos últimos tweets do Papa Francisco foi «A Palavra de Deus pode fazer um coração árido renascer» e na homilia deste XXIV Domingo garantia que nenhum ser humano se pode considerar irrecuperável. Portanto, quem escuta a Palavra com alegria e serenidade, mesmo que não a sabia pôr em prática toda e ao mesmo tempo, pode viver na fé de que a Palavra por si é eficaz, na esperança de que o seu efeito surta na sua vida e na caridade que assim Deus realiza em cada ser humano. Na verdade, antes de ser ação nossa, a Palavra é ação de Deus em nós. Dalai Lama afirma sabiamente que «o nosso primeiro propósito nesta vida é ajudar os outros; e se não os podermos ajudar, pelo menos não os devemos magoar». Este pensamento pode aplicar-se ao poder da Palavra de Deus: se não a pudermos ou soubermos pôr em prática, pelo menos não a devemos esconder ou obstaculizar o seu caminho no coração de quem a transporta, na boca de quem a diz ou na ação de quem a realiza. O primeiro valor que o Evangelho nos mostra é a estima pelo outro, naquela trama de relações entre o centurião e o seu servo, os anciãos, os amigos e Jesus.

É curioso, também, que na cena relatada no Evangelho Jesus não diz palavra nenhuma senão no final para expressar admiração pelo centurião. E o centurião nem sequer se encontra com Jesus: primeiro envia-Lhe anciãos para interceder pelo seu estimado servo e, quando Jesus se encontra mais perto dele, manda os amigos a dispensá-l’O por se sentir indigno desta sublime presença na sua casa. Na verdade, Jesus é a Palavra feita carne, que Se desloca ao encontro de quem O busca. O segundo valor que a liturgia de hoje sublinha é o poder da oração de intercessão pelos outros, personalizada nos anciãos e nos amigos daquele centurião. E não há distância que possa diminuir o poder da oração se ela for busca no diálogo com a Palavra de Deus. Diante dos coríntios que começaram a danificar a dignidade das assembleias eucarísticas com o excesso de comida e a desatenção aos pobres, Paulo lembra-lhes a Palavra que fundou essa refeição sagrada, implicando-se mutuamente na espera de uns para com os outros até que o Senhor venha.

Diante da Palavra de hoje, perguntemos:

  • O que fazemos da nossa Eucaristia dominical ou ferial?Um encontro intimista, sem ter em conta a estima pelos outros?
  • Como anciãos ou amigos, levamos a Jesus as mensagens, por vezes, contraditórias, dos nossos contemporâneos que buscam o bem estar do corpo ou da alma?
  • No regresso a casa, levamos-lhes a fé fundada na Palavra de Jesus Cristo, que não é solução mágica, em um balbuciar de palavras, mas testemunho de vida?

[Oração] Sal 39 (40)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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