Na seara do Senhor, o trabalho é alimento
[Leitura] 1 Cor 4, 6b-15; Lc 6, 1-5
[Meditação] Num mundo em que se reproduz em grande escala o círculo vicioso dinheiro-fama-poder, defendido por aqueles que, numa grande parte, ganham mais do que aquilo que fazem pelo bem dos outros, a Palavra de hoje vem-nos “pulverizar” o coração de uma outra lógica: a do mártir que, pelas “dores de parto”, se alimenta do bem que o Evangelho pregado faz na vida dos outros. É neste sentido que se percebe o testemunho do Apóstolo Paulo e o depoimento que Gregório Magno deixou claro na Carta Dedicatória da sua famosa “Regra Pastoral”.
Dedicada a João, seu companheiro no episcopado, a Regra Pastoral de Gregório Magno começa por ser uma proposta ascética para o ministério pontifício, transferida pela íntima vontade que Gregório tinha de entregar a sua vida à mística. O conflito interior que este pontífice viveu entre o desejo de vida oculta e os pesos da solicitude pastoral acabou por ser resolvido nesta benéfica síntese que, não escondendo a mística, propõe um caminho de prudência pastoral entre as qualidades do pastor e o bem dos fiéis, fazendo com que a vida faça acreditar o magistério.
Fugindo à lógica do mundo, o “salário” do pastor não deve contar, para além da sua sustentação digna, senão com os efeitos do seu trabalho apostólico que, para além da sabedoria transmitida, deve contar com todo o tipo de infâmias. Nada diferente do que foi a sorte de Jesus Cristo, desejada pelos seus Apóstolos. Vence, por último e sempre, a prudência na «consideração da própria fraqueza para que esta não rebaixe a possível perfeição das obras, para que o inchaço do orgulho não a apague diante dos olhos do Juiz invisível». A maior honra (ainda que sofrida) vem de se ter feito o que se devia!
[Oração] Sal 144 (145)
[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo