[Leitura] 1 Cor 1, 17-25; Mt 25, 1-13

[Meditação] Continuamos a observar, em tempo real, réplicas do sismo em Amatrice, que matou mais de 200 pessoas, encontrando-se mais de 100 soterradas nos escombros dos edifícios. Tentando, agora, reerguer-se após o sismo, há poucas esperanças de se encontrar pessoas com vida. Proliferam jogos de imagens que mostram o antes e o depois desta bela cidade italiana. Vai-se esperando que se encontre alguém sem vida. É, diante desta notícia, oportuno o texto do Evangelho de hoje: «Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora». Muitas hipóteses se apresentam para incarnar os símbolos usados por Jesus: o banquete nupcial e as virgens (sensatas e insensatas), as almotolias e o azeite, o esposo. À primeira vista, respetivamente, o Reino, os seres humanos, a vida (bem ocupada ou mal ocupada) e a fé, Jesus Cristo − podem ser as realidades correspondentes para uma vida bem conseguida no que toca ao projeto que Deus quer realizar em favor da humanidade.

O “antes e depois” das fotografias, que proliferam na Net após o sismo em Amatrice, faz-me pensar, apoiado na parábola de Jesus, que a vida é apra ser bem vivida antes que aconteça o depois. O “antes” é o presente que somos chamados a viver o melhor que podermos, com a fé nas promessas de Deus, mesmo que caiamos em adormecimentos (na verdade, todas as virgens adormeceram). Dormitar não é insensatez. Esta é, mesmo na fraqueza, não acreditarmos que Deus tem o poder de nos salvar. Portanto, sem escrúpulos: ter as lâmpadas acesas não é estar sem pecado, como muitas vezes se julga para se montar o “apartheid” dos puros e impuros. É, antes, ter fé, esperando que Deus possa salvar-nos no tempo oportuno. Naturalmente, “sem escrúpulos” também não é permissão para pecar continuamente, mas ter a coragem para assumir as fraquezas, porque é nelas que Deus quer manifestar a sua loucura, que, como aposta Paulo, é mais sábia que o homem, sendo a sua fraqueza também mais forte.

A Caridade, traduzida em amor, paz, perdão, etc., dá-a Deus, gratuitamente, nos valores que nos faz sonhar e procurar. É insensato adiar sonhos para o futuro. É sensato purgá-los e tirar-lhes a mais valia, com realismo, para vivermos bem o tempo presente. Isso requer uma boa dose de atrevimento, deixando etiquetas e diplomacias e respeitos humanos de lado. É sempre uma graça viver em solidariedade, entre os sensatos e os insensatos. Sim! É permitido partilhar o azeite no “antes”, já que no “depois” não nos é permitido: só a Deus é permitido abrir a porta e julgar segundo as respostas ao Seu amor infinito. Na prática da fé, o Batismo e a vocação específica que se escolhe como forma de doação da vida já correspondem a esta Palavra na prática. Ainda que, por vezes, caiamos no sono, não desistamos de continuar a caminhar em direção a esse Reino, ao encontro com o Aquele a quem queremos responder com os passos de cada dia.

[Oração] Sal 32 (33)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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