O Reino por detrás da resposta conveniente a duas questões primordiais

[Leitura] Ez 28, 1-10; Mt 19, 23-30

[Meditação]  Ao episódio do jovem rico (Mt 19, 16ss), sucedem-se os ensinamentos de Jesus sobre a humildade e a pobreza como condições para se entrar no Reino de Deus. Podemos compreendê-las, também nós, na resposta a duas perguntas contidas no Evangelho:

«Quem poderá então salvar-se?» Só Deus é que nos salva, a salvação é um dom seu à humanidade, em Jesus Cristo, e não acontece como fruto de qualquer ciência ou extravagância dos homens. A profecia de Ezequiel é um aviso disso mesmo ao soberano que se faz passar por um deus, mas que não se pode livrar da morte dos que se avizinham dele para o matar. Não vale a pena termos pretensões divinas. É a condição humilde de criaturas que nos fará encontrar em Deus o sentido verdadeiro da nossa existência. Portanto, fazer passara um “camelo” (animal com duas bossas ou corda grossa de aportar os navios) não é o grosso problema! O mais grave problema é convencer o ser humano de que não pode substituir Deus!

«Que recompensa teremos?» Ainda bem que Pedro pressupõe esta pergunta com a confirmação de que deixaram tudo para seguir Jesus. De facto, para obtermos a herança da vida eterna, é necessário assumirmos fazer parte de uma fraternidade universal que supõe a renúncia a preferir os laços de sangue ao seguimento do Mestre. Sendo Ele que nos veio dar a Vida verdadeira, há que escolher fazer parte do seu projeto, vendendo tudo e dando aos pobres.

Na resposta a estas duas questões, confirma-se a nossa atitude perante duas questões primordiais, das quais depende todo o edifício da nossa existência e do acolhimento do projeto da salvação: a humildade em aceitar ser-se criaturas e não substituir Deus (drama de Adão e Eva), contra todo o tipo de homicídio; aceitar ser irmãos de todos a partir da relação com Jesus Cristo (drama de Caim e Abel), contra todo o tipo de fratricídio. Toda a vida de Jesus na terra foi uma resposta constante e conveniente às duas perguntas do Evangelho, pois Ele «sendo rico fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9).

[Oração] Cântico (analisando a própria situação diante de Deus e dos irmãos, manifestando a direção que se quer tomar, acolhendo o convite e a força de Deus para se entrar no seu Reino):

Senhor,
quem entrará no santuário p’ra Te louvar? (bis)
Quem tem mãos limpas, um coração puro,
quem não é vaidoso e sabe amar. (bis)

Senhor,
eu quero entrar no santuário p’ra Te louvar. (bis)
Oh, dá-me mãos limpas, um coração puro,
arranca a vaidade, ensina-me a amar. (bis)

Senhor,
já posso entrar no santuário p’ra Te louvar. (bis)
Teu sangue me lava, Teu fogo me queima,
o Espírito Santo inunda o meu ser. (bis)

[ContemplAção] Em: twitter.com/padretojo

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